As chances da eleição presidencial ser definida em 1º turno
No atual cenário eleitoral, Bolsonaro e Haddad viraram uma espécie de irmãos siameses. A subida de um empurra o outro. Apesar do segundo turno ainda ser o mais provável, não será surpresa se a eleição nacional acabar no dia 7 de outubro. Apertem os cintos. Tudo indica que a corrida vai acelerar
Ricardo Cappelli, Jornal GGN
“Os Direitistas denominaram o voto no Bolsonaro de “voto inseticida”. Nós podemos pregar o “voto exorciza” e acabar com o Capeta Nazista.”
A frase acima, publicada em minha página no facebook por um leitor, sintetiza o clima de guerra no país. Ninguém parece disposto a ceder. Qualquer apelo à razão parece inútil. Mediação e bom senso viraram verdadeiros palavrões.
Num clima como este, alguém está disposto a esperar alguma coisa? Se o objetivo é aniquilar o inimigo – e penso que posso fazê-lo imediatamente – faz sentido esperar e apostar num segundo turno de desfecho imprevisível?
A boca do jacaré está abrindo. Duplamente. As pesquisas indicam que Haddad e Bolsonaro estão subindo, enquanto os demais estão descendo. Parece que estamos vivenciando a profecia de que o centro virou pó.
Quem tentou posar de moderado naufragou. Alckmin está com sua extrema unção encomendada. Ciro tem uma semana para apresentar algum tipo de reação. O improvável apoio de Marina poderia criar um fato positivo.
A candidata da Rede assiste passivamente seus votos desaparecerem seu qualquer influência sua. Se continuar no ritmo atual deve “pontuar negativamente” nas próximas pesquisas.
Se o trabalhista não reagir será tragado pela mandíbula de Haddad. O ex-prefeito de São Paulo está longe de ser um radical. É o mais moderado dos petistas, qualificado, sóbrio, uma tentativa inteligente de Lula de ampliar na sociedade mantendo um nome do PT.
Entretanto, por mais esforço que faça, Haddad continua sendo um “Petralha”. E a sociedade parece querer continuar na sua aposta de que só um ajuste de contas radical é capaz de recuperar o Brasil.
Neste clima, Bolsonaro e Haddad viraram uma espécie de irmãos siameses. A subida de um empurra o outro. Se o cenário mais provável se confirmar e o centro desaparecer de vez, os dois devem continuar subindo.
O primeiro objetivo na guerra é ganhá-la, obviamente. Se for impossível este objetivo com seu próprio exército, o objetivo passa a ser ajudar a derrotar seu inimigo principal. Se Amoedo não tem chance nenhuma e o PT está crescendo, por que não votar logo em Bolsonaro?
O mesmo vale para os eleitores progressistas que, temendo uma vitória de Bolsonaro no primeiro turno, podem antecipar para o primeiro round o voto útil em Haddad.
Alguns analistas, descolados da política real, os mesmos que passaram meses profetizando que seria mais do mesmo, PT x PSDB, agora decretam que esta leitura é de uma minoria, que o povo jamais fará este movimento. Será?
Subestimam a sabedoria popular e a impaciência com a política disseminada de forma irresponsável pela grande mídia. “Eu estou desempregado, a política virou coisa de bandido, pra que sair de casa duas vezes para votar? Se posso dar um soco no estômago do sistema de uma vez e esmagar o mal, não faz sentido esperar.”
Você pode ser vascaíno ou botafoguense, mas é impossível entrar no Maracanã lotado num Fla-Flu numa final de campeonato e não assumir a torcida por um dos lados. O estádio está enchendo, a temperatura está subindo.
Apesar do segundo turno ainda ser o mais provável, não será surpresa se a eleição nacional acabar no dia 7 de outubro com uma vitória de Haddad ou Bolsonaro. Com o inimigo a ser subjugado definido, mais debates são desnecessários.
Apertem os cintos. Tudo indica que a corrida vai acelerar.
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