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A íntegra da entrevista de Fernando Haddad na Record News

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Luciano Velleda, RBA

Um projeto importante foi interrompido em 2014. Os resultados não foram aceitos, a democracia ficou em risco, a oposição começou a sabotar este país com pautas-bombas com Eduardo Cunha, Aécio Neves… Desde a eleição de 2014, com toda a sabotagem feita contra o país, a vida do brasileiro piorou. Não precisamos disso. Por 12 anos governamos um país que deu certo, um projeto tão bem encarnado na figura do presidente Lula. Precisamos resgatar esse projeto. É esse nosso desejo para 2018. Vamos resgatar o Brasil para os brasileiros”, disse Fernando Haddad, candidato a vice-presidente e representante do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na campanha eleitoral, ao encerrar sua participação, na noite desta terça-feira (4), em entrevista na Record News.

Durante cerca de 30 minutos, Haddad falou sobre alguns dos principais temas do país e da eleição à Presidência da República. Afirmou, por exemplo, que os recursos impetrados no Comitê de Direitos Humanos da ONU para que o órgão avalie a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que rejeitou a candidatura de Lula, e no Supremo Tribunal Federal (STF), são também um compromisso com a história.

Temos que esgotar todos os recursos internamente para que a ONU possa julgar o mérito. Não podemos abrir mão dos recursos para a história do Brasil”, explicou, ressaltando que defenderá o ex-presidente até o fim, no Brasil e no exterior. Haddad ainda disse acreditar no discernimento da população brasileira em analisar a perseguição jurídica em curso contra a candidatura do ex-presidente, líder em todas as pesquisas de intenção de voto.

Coordenador do programa de governo do PT, o ex-prefeito de São Paulo explicou algumas propostas do partido, como a regulação da mídia, a reforma tributária, a forma de baixar a taxa de juros praticada pelos bancos no Brasil e a segurança pública. Haddad defendeu a regulação econômica da mídia, de modo a impedir que uma única família ou grupo detenha todos os principais veículos de comunicação de um estado.

Mas isso é um assunto do século 20”, se surpreendeu o jornalista Heródoto Barbeiro, da Record News, ao que Haddad ponderou que sim, o tema de fato já foi analisado há tempos nos países mais desenvolvidos do mundo, mas ainda não no Brasil. “Quando uma empresa vai comprar a outra, não tem que consultar o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica)? Então por que na comunicação não é igual?”, questionou o ex-prefeito de São Paulo, enfatizando que no país algumas poucas famílias seguem mantendo a hegemonia dos meios de comunicação.

Haddad ainda lembrou que corre no STF uma ação impetrada por grupos da mídia brasileira que querem o fechamento de sites jornalísticos estrangeiros no país, como BBC Brasil, El País Brasil, The Intercept Brasil, entre outros. Para o candidato a vice de Lula, tal ação demonstra o descompasso entre o discurso de defesa do livre mercado adotado pela mídia tradicional e sua prática.

Juros e segurança

Na entrevista, o candidato a vice defendeu uma reforma do sistema bancário por meio da cobrança progressiva de impostos para estimular a concorrência entre os bancos privados. O objetivo é reduzir o spread bancário, ou seja, a diferença entre o que os bancos pagam como remuneração ao poupador e o quanto cobram para emprestar. Desse modo, diminuirá a taxa de juros cobrados dos clientes.

Não vamos sair da crise se os bancos continuarem cobrando esses juros da população”, afirmou o ex-prefeito de São Paulo, enfatizando que quanto mais juros o banco cobrar, mais imposto pagará, e quanto menos juros cobrar, menos imposto pagará.e

Um dos temas de maior apelo nas eleições, a segurança pública teve destaque durante a entrevista. Haddad explicou que uma das propostas da candidatura do PT é federalizar determinados crimes, principalmente aqueles ligados a organizações criminosas, como o PCC, pois tais grupos têm atuação nacional.

O governo do estado de São Paulo não deu conta (de lidar com o PCC). E hoje também não adianta cobrar dos governos do nordeste”, ponderou. “Estamos prendendo muita gente e mal. Estamos prendendo o varejo do problema e os grandes criminosos ficam de fora”, afirmou, lembrando que a taxa de resolução de homicídios no Brasil é de meros 8%.

VÍDEO:

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