General Mourão não deve se deixar calar pelo capitão
Hamilton Mourão, vice na chapa de Jair Bolsonaro para presidente, brilhou novamente. As ideias do general precisam ser conhecidas da nação brasileira
Hamilton Mourão, prócer da República, vice na chapa de Jair Bolsonaro para presidente, brilhou novamente.
Desta vez foi numa palestra magnífica na Câmara de Dirigentes Lojistas de Uruguaiana (CDL), no RS.
“Temos umas jabuticabas que a gente sabe que são uma mochila nas costas de todo empresário”, pontuou o sábio general, despertando a atenção da plateia até então dispersa.
“Jabuticabas brasileiras: 13º salário. Como a gente arrecada 12 (meses) e pagamos 13? O Brasil é o único lugar onde a pessoa entra em férias e ganha mais. São coisas nossas, a legislação que está aí. A visão dita social com o chapéu dos outros e não do governo.”
O velho soldado tem sido preciso e infalível como Bruce Lee, afiado como uma espada de samurai.
É uma verdadeira metralhadora de verdades indisputáveis que não pode, de maneira alguma, ser calada.
Após o atentado a seu chefe, cravou: “Os profissionais da violência somos nós”.
Chamou de “mulambada” o conjunto de países africanos da diplomacia Sul-Sul de Lula.
As famílias nas quais mães e avós criam os filhos, em áreas carentes, são “fábrica de elementos desajustados que tendem a ingressar em narco-quadrilhas”.
Depois lhe deram a oportunidade de fazer um adendo: isso não se aplica aos núcleos familiares ricos. Ufa!
Aventou a possibilidade de um “autogolpe” quando “você vê que o país está indo para uma anomia, uma anarquia generalizada, que não há mais respeito pela autoridade, grupos armados andando pela rua…”.
Criticou as crianças “de 10, 11 anos” que estudam filosofia e não “matérias mais importantes”.
Em Bagé, deu uma amostra de sua erudição médica. “Por que preciso gastar dinheiro com uma campanha de vacinação? Todo mundo tem celular, basta mandar uma mensagem”.
A Constituição de 1988 “foi um erro”, lembrou, porque a Carta “não precisa ser feita por eleitos pelo povo. Já tivemos vários tipos de Constituição que vigoraram sem ter passado pelo Congresso eleito”.
A solução? Ora: “Fazemos um conselho de notáveis e depois submetemos a plebiscito”.
É evidente que o douto Mourão está se incluindo nesse grupo. E faz sentido!
Uma república dos filósofos de Platão, elaborada pela fina flor da intelectualidade em diversas áreas, nosso militar à frente.
Quem melhor que ele para arregimentar as grandes cabeças da nação em torno de um projeto altivo, digno, patriótico e vencedor?
Do leito do hospital, Jair, debatendo-se, tenta dar um cala boca em seu segundo homem. Acha ele que perderá votos.
Injustiça com esse imenso brasileiro! Não se pode aceitar essa quebra de hierarquia!
O apelo que assoma no horizonte é claro e límpido como a água que escorre da montanha onde cabo Daciolo recebeu as tábuas da lei: deixem o Mourão falar! Deixem o Mourão falar!
A democracia agradece.
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