Apenas dois presidenciáveis preveem programa de proteção de museus
Dos 13 candidatos à Presidência da República nas eleições de 2018, apenas dois apresentaram no programa de governo medidas específicas que preveem proteção de museus
O incêndio do Museu Nacional do Rio de Janeiro é uma tragédia de proporções incalculáveis, mas não foi obra do acaso.
Em meio às perdas de imensuráveis, ainda não é hora de apontar culpados. No entanto, fatos e evidências demonstram que o incêndio do Museu Nacional era uma tragédia anunciada diante do total descaso do poder público.
A instituição já vinha sofrendo corte de verbas desde 2014. A escassez de recursos foi agravada a partir de 2016 e, de lá para cá, esse processo tem se acentuado.
Para se ter uma dimensão da precariedade pela qual passa a Cultura Brasileira, dos 13 candidatos à Presidência da República na eleição deste ano, apenas 2 apresentam em seus programas de governo registrados oficialmente no TSE projetos específicos relacionados à política de museus: Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Marina Silva (Rede).
Dos outros 11 candidatos, apenas Ciro Gomes (PDT) e Guilherme Boulos (Psol) contam com uma seção exclusiva relacionada ao tema da cultura, mas sem menção direta aos museus.
Segundo o programa de Lula, a retomada das políticas voltadas aos museus será feita por meio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).
“Essas duas instituições serão dotadas das condições para que conduzam iniciativas amplas e diversificadas de proteção e promoção do patrimônio cultural e de fortalecimento da política nacional de museus”, diz.
Já a proposta de Marina Silva cita a proteção do patrimônio cultural como “parte fundamental para garantir a memória de nossos povos”.
“A política de preservação do patrimônio abrange o patrimônio natural e o conhecimento científico. Nos comprometemos a oferecer condições de funcionamento a museus, arquivos e bibliotecas”, diz o texto.
Nos projetos de Jair Bolsonaro (PSL) e Cabo Daciolo (Patriota), por exemplo, a cultura sequer aparece.
O tucano Geraldo Alckmin conecta as políticas culturais a pautas econômicas em seu plano de governo, mas propostas para a preservação do patrimônio cultural.
Henrique Meirelles (MDB) também não expõe nenhuma proposta específica para a área da cultura.
É possível que, com a destruição do Museu Nacional, a pauta da Cultura volte a nortear os debates eleitorais em 2018.
Desde 2014, o Museu Nacional não recebia a verba de R$ 520 mil anuais que bancam sua manutenção e apresentava sinais visíveis de má conservação, como paredes descascadas e fios elétricos expostos. Neste ano, durante o governo Temer, o instituto havia recebido apenas R$ 54 mil.