A prisão temporária de Richa termina neste domingo, dia 16. Após isso, a prisão se converte em provisória (sem prazo para terminar)
João Elter Borges Miranda*, Pragmatismo Político
O desembargador Laertes Ferreira Gomes, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), negou agora à noite habeas corpus para libertar o ex-governador Beto Richa (PSDB), preso nesta terça (11) em uma operação do Gaeco (Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público do Paraná.
A prisão cautelar de Richa se deu em razão de investigação pela prática de crimes de organização criminosa, fraude à licitação, corrupção ativa e passiva, e lavagem de dinheiro, ocorridos entre os anos de 2011 e 2013.
O pedido de habeas foi entregue no mesmo dia de sua prisão e tinha a assinatura de oito advogados. No documento, eles alegavam constrangimento ilegal ocorrido pela prisão preventiva.
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Ferreira Gomes negou o habeas, mas acolheu pedido da defesa para transferir o ex-governador e a mulher dele, Fernanda Richa, do Complexo Médico-Penal (CMP), em Pinhais, na Região de Curitiba, para o Regimento da Polícia Montada, no bairro Tarumã, também em Curitiba.
Além de Richa e sua esposa, foram presos todo o alto escalão do seu governo (principais assessores e secretários), pelas operações da Lava Jato e Patrulhas Rurais, que ocorreram nessa mesma terça, tendo como alvo tais membros do tucanato paranaense. Ou seja, um verdadeiro furacão varreu todo o núcleo do governo Richa.
O ex-governador está envolvido em tantas denúncias sérias e graves, que foi até difícil para a imprensa entender por qual das acusações ele estava sendo preso. Levou um tempo até entender que não tinha nada a ver com a Lava Jato, a qual prendeu o braço direito de Richa, Deonilson Roldo, ex-secretário de Comunicação e ex-chefe de gabinete nos governos do tucano.
Considerado pelos corredores do Palácio Iguaçu como o “primeiro-ministro” do Executivo estadual durante as gestões de Richa, Roldo é acusado de coordenar de forma oculta a campanha para o senado do tucano.
O Gaeco, que prendeu Richa, investiga irregularidades no programa Patrulha do Campo, que faz manutenção em estradas rurais. Já a Lava Jato investiga os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e fraude às licitações, que teriam favorecido a empresa Odebrecht.
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“As provas indicaram ainda que, após uma primeira reunião, Roldo voltou a se encontrar com executivos da empresa [Odebrecht], informando que a ajudaria ilegalmente na licitação [para exploração e duplicação da PR-323], mas para isso contava com o auxílio da empresa na campanha do governador daquele ano de 2014. Desta maneira, segundo as evidências, ele solicitou propinas para vender atos praticados no exercício de sua função pública, com o pretexto de que supostamente elas seriam usadas em campanha”, afirma a Lava Jato, assinada por Moro.
Constatou-se sofisticados métodos de lavagem de dinheiro, envolvendo contas no Brasil e no exterior. Por isso, a liberdade dos réus foi considerada como risco a ordem pública.
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*João Elter Borges Miranda é professor de história formado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa e milita na Frente Povo Sem Medo e Intersindical.