A excitação de Silas Malafaia com a facada dada em Bolsonaro
Pastor evangélico Silas Malafaia parece tão excitado com a facada em Jair Bolsonaro que transformou a UTI em palanque
Joaquim de Carvalho, DCM
O pastor Silas Malafaia parece muito excitado com a facada dada em Bolsonaro em Juiz de Fora, ao que tudo indica fruto da ação isolada cometida por um homem de mente perturbada.
Gravou vários vídeos desde ontem, e postou notícias falsas.
Disse, por exemplo, que o autor do ataque, Adelio Bispo de Oliveira, assessora a campanha de Dilma Rousseff ao Senado, em Minas Gerais.
Hoje à noite, postou vídeo gravado na UTI do hospital Albert Einstein, onde o candidato do PSL se encontra internado.
Falando num tom acima do que seria recomendado em um hospital, parecia fazer um discurso político:
“Aí, minha gente. Estamos aqui com o Bolsonaro. Eu disse para ele que Deus é especialista em transformar causa em bênção. (…) Há um projeto para a nossa nação. Que o Brasil é do senhor Jesus. E não vai ser essa cambada aí que é contra valores de família, bem estar da nação, que vai destruir o nosso país, não.”
Bolsonaro diz alguma coisa, ele passa a mão no cabelo do candidato, e ouve:
“A faca passou dois milímetros da veia cava (…). Foi milagre mesmo”
Depois de postar o vídeo, respondeu à informação de que Dilma pretende processá-lo.
“SERÁ UMA GRANDE HONRA! Ser processado por Dilma. Por favor, espero que ñ seja uma falácia, FAÇA! Entrem no face do bandido esquerdopata q tentou matar Bolsonaro, vejam o apoio que ele da as idéias do PT (sic). Ser processado por quem tem como chefe o maior corrupto do Brasil, É HONRA!”, disse ele, que no ano passado foi indicado pela Polícia Federal por lavagem de dinheiro e participação num esquema de corrupção ligado a royalties da mineração.
“Se locupletou com valores de origem ilícita”, escreveu o delegado à época.
Não sei se Silas entrou no face de Adelio, mas quem entrou viu que não há nada que se pareça com apoio às ideias do PT. Pelo contrário. Ele ataca Fernando Haddad e o associa à maçonaria, uma de suas obsessões.
Associar o crime de Adelio a um partido político seria o mesmo que buscar uma explicação para o ataque a Bolsonaro na sua prática religiosa.
Segundo o advogado dele, seria uma igreja de Montes Claros, norte de Minas Gerais, onde nasceu e morou, que estaria bancando os custos da defesa.
O site Congresso em Foco informa que seria evangélica, a Folha de S. Paulo registra que seria Testemunha de Jeová, religião diferente dos evangélicos.
De qualquer forma, seria leviano associar o crime à religião.
É mais complexo, e o advogado pretende explorar outras causas, algumas plausíveis.
Por exemplo, como adiantou a defesa, um das causas para o crime seria o abalo que as manifestações racistas de Bolsonaro provocou em Adelio.
Sendo ele perturbado mentalmente, teria reagido com violência ao que Bolsonaro disse sobre os negros, etnia a que pertence.
“O próprio discurso de ódio que a vítima trazia como meta de campanha. O nosso constituinte se considera negro. Aquela afirmação que diz que o negro sequer serviria para procriar atingiu de forma avassaladora a psiquê do constituinte (cliente)”, disse o advogado Zanone Manuel de Oliveira Júnior, que acompanhou Bispo de Oliveira na audiência perante um magistrado cidade mineira de Juiz de Fora.
Bolsonaro foi denunciado ao STF por declarações racistas, mas, na antevéspera do crime, o ministro Alexandre de Moraes decidiu adiar a decisão. Será dele o voto decisivo na primeira turma do STF.
Dois ministros votaram pela abertura de processo contra Bolsonaro, dois se posicionaram contra. Faltou Alexandre votar, mas ele pediu vistas e, no dia em que, conforme anúncio dele próprio, revelaria seu voto, ficou quieto, e a conclusão do julgamento foi adiada mais uma vez.
Poderia se dizer que o Supremo tem responsabilidade decisiva sobre o que aconteceu em Juiz de Fora, já que persiste a sensação de impunidade neste caso de racismo praticado por Bolsonaro?
Óbvio que não.
Mas uma mente perturbada poderia, sim, encontrar na impunidade motivo para um ato de violência.
Pode ser o caso de Bispo de Oliveira.
São complexidades que Silas Malafaia, com declarada formação em Psicologia, poderia entender.
Talvez entenda, mas politicamente não serve para o propósito de explorar eleitoralmente o crime de Juiz de Fora.
Nessa missão, que nada tem nada a ver com Deus — se tivesse, Malafaia não recorreria à mentira, já que, conhecedor da Bíblia, sabe que está escrito que inverdade e suas derivadas, como calúnia, injúria e difamação, é filha do capiroto.
Malafaia mentiu e insiste na mentira, desafiador: quer ser processado por Dilma Rousseff.
Nessa polêmica, ele ganha um discurso, transforma UTI em palanque e faz de Deus cabo eleitoral de Bolsonaro.
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