Eleições 2018

Por que Barbie e Ken viraram personagens na eleição de 2018?

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Barbie e Ken se tornaram personagens nas eleições presidenciais do Brasil em 2018. Inspirados pelo eleitorado brasileiro, pessoas de outros países da América Latina também estão adotando os bonecos em publicações

Montagem: Pragmatismo Político

Emilio Sánchez Hidalgo, ELPaís

Os bonecos Barbie e Ken estão sendo usados para ironizar parte do eleitorado que do candidato de extrema direita Jair Bolsonaro (PSL), que obteve 46% dos votos válidos no primeiro turno das eleições presidenciais e lidera as intenções de voto para o segundo turno, que acontece no próximo domingo, 28 de outubro.

Se Bolsonaro teve votos em todas as classes sociais e alcançou 49 milhões de apoios em 7 de outubro, os dois bonecos loiros, nos memes, querem zombar dos apoiadores do candidato nas classes privilegiadas do Brasil – se nas pesquisas de opinião, Bolsonaro tem 50% das intenções de voto, entre os que ganham mais de dez salários mínimos a cifra alcanca 67%.

Os memes são simples: algumas ideais homofóbicas ou a rejeição a movimentos como o feminismo, em comunhão com o discurso de Bolsonaro, são ditas por Barbie e Ken. Barbie também garante que as acusações contra o ultradireitista são fake news (notícias falsas), que a ditadura é melhor do que a desordem e que com o candidato Fernando Haddad, do PT, o país vai se transformar em uma Venezuela.

Muitos brasileiros estão criando e compartilhando esses memes nas redes sociais, especialmente no Twitter, pelo menos desde o dia 9 de outubro. A conta Barbie e Ken Cidadãos de Bem cria capturas de tela desses memes e os compartilha com seus 283.000 seguidores no Facebook. E cada um desses posts é compartilhado milhares de vezes. Há também contas que fazem o mesmo criando alguns memes originais no Instagram (BarbieFascionista, com 100.000 seguidores) e no Twitter (BarbieDeBem, com 17.000). Existem outras contas com menos seguidores.

Antes de Barbie e Ken serem usados para zombar dos eleitores de classe alta de Bolsonaro, já eram personagens de memes no Brasil. Eram usados para representar essas mesmas pessoas e os preconceitos contra, principalmente, negros, homossexuais e contra o feminismo. A diferença é que não havia referências à campanha eleitoral e a Bolsonaro. Barbie e Ken Cidadãos de Bem divulga esses memes desde junho de 2017. Além disso, Barbie e Ken estão sempre ofendidos porque se sentem atacados por serem brancos e ricos.

O estereótipo representado por Barbie e Ken, o das classes brancas privilegiadas, não corresponde à totalidade dos eleitores de Bolsonaro. Entre seus 48 milhões de eleitores no primeiro turno, há muitos negros, mulheres e pessoas da classe baixa. No final de 2017, havia 14,83 milhões de pessoas em extrema pobreza no Brasil, um aumento de 11% em relação a 2016, segundo relatório divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Bolsonaro obteve 46% dos votos válidos no primeiro turno das eleições presidenciais, apesar de ter dito frases como estas antes da campanha eleitoral, durante a qual amenizou seu discurso: “Os gays são o produto do consumo de drogas“; “O erro da ditadura foi torturar e não matar“; “As mulheres devem ganhar menos porque engravidam.”

Os memes também são compartilhados por opositores de Bolsonaro no WhatsApp. Muitas das mensagens são acompanhadas por hashtags usadas pelos seguidores do candidato. A mais utilizada é #PTNão, mostrando a rejeição ao Partido dos Trabalhadores, que governou o país entre 2003 e 2016. Também há críticas contra Haddad.

Ao mesmo tempo, as piadas foram transferidas para outros países da América Latina, como o Chile. Em 15 de outubro foi aberta a conta Barbie y Ken, ciudadanos de bien, no Facebook. Em oito dias, conseguiu mais de 160.000 seguidores.

Veja abaixo outros memes de Barbie e Ken ironizando parte do eleitorado de Bolsonaro.

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