Redação Pragmatismo
Eleições 2018 05/Out/2018 às 20:12 COMENTÁRIOS
Eleições 2018

Bolsonaro pretende descarregar dinheiro público na Record caso seja eleito

Publicado em 05 Out, 2018 às 20h12

Se eleito, Jair Bolsonaro pretende descarregar dinheiro público na Record através do aumento de verbas publicitárias. Objetivo é tentar criar sua própria Fox News

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Entrevistado pela Record na noite de ontem no mesmo horário do debate da Globo, o extremista Jair Bolsonaro quer alterar a distribuição de recursos publicitários para fortalecer a emissora do bispo Edir Macedo, que declarou apoio a ele. O objetivo é criar uma Fox News brasileira, nos moldes do canal que diz amém a todas as ações de Donald Trump nos Estados Unidos. O favor do bispo Macedo a Bolsonaro constitui, na visão de muitos especialistas, crime eleitoral.

Em um momento em que a disputa presidencial vai se encaminhando para um segundo turno imprevisível, a Record parece ter encontrado sua maneira de finalmente derrotar a Globo, aproveitando o sentimento negativo contra a emissora do Jardim Botânico que se alastrou no Brasil.

A aproximação do bispo com o candidato extremista atende a interesses estratégicos de ambos e acende o sinal de alerta numa eleição que já vinha sendo única em função de ser o pleito imediatamente posterior ao golpe.

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Em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, o jornalista Igor Gielow analisa o flerte entre candidato e emissora: “a decisão de veicular uma entrevista com Jair Bolsonaro (PSL) no mesmo horário do debate dos outros presidenciáveis na TV Globo selou a aproximação do candidato com a Rede Record, controlada pela Igreja Universal do Reino de Deus“.

Segundo Gielow, “o objetivo de Bolsonaro é ter na Record sua “Fox News”, como dizem seus aliados em referência à emissora noticiosa americana que publica pontos de vista majoritariamente favoráveis ao presidente Donald Trump —largamente espezinhado pela mídia tradicional dos EUA“.

O jornalista ainda destaca que “para o grupo que controla emissora paulista, além de afinidades eletivas como a proximidade de Bolsonaro de líderes e do ideário evangélicos, há a expectativa de que, eleito presidente, ele mude regras de distribuição de verba publicitária federal“.

Gielow ressalta que “a Record não declarou apoio a Bolsonaro. O enlace foi sacramentado após o líder da Universal e dono da emissora, o bispo Edir Macedo, ter declarado voto em Bolsonaro, no sábado (29). O namoro, contudo, é mais antigo. Começou em novembro do ano passado, quando Bolsonaro foi apresentado à direção da Record em um evento do Ressoar, o instituto filantrópico da emissora, no hotel Unique, em São Paulo. A apresentação foi feita por Fábio Wajngarten, analista de mídia e empresário ligado a Bolsonaro, que também levou o candidato à direção da RedeTV! e do SBT. O economista Paulo Guedes, guru do presidenciável, fez o mesmo na Rede Globo“.

Igor Gielow observa que “poucos dias depois do evento em São Paulo, Bolsonaro passou a atacar a Globo, criticando a concentração de verbas publicitárias do governo federal na emissora. Em 1º de dezembro, disse que iria “cortar pela metade” os recursos destinados à empresa. A Secretaria de Comunicação do governo federal tem cerca de R$ 900 milhões anuais para investir em televisão. Hoje, o valor destinado à Globo é pouco inferior aos 40% de participação de mercado que a emissora tem —o chamado ‘share’.

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