Estudo feito por USP, UFMG e Agência Lupa mostra que apenas quatro das 50 imagens mais compartilhadas em grupos de WhatsApp são verdadeiras. A pesquisa aponta o pastor Silas Malafaia como o campeão de compartilhamento da mentira
Quais notícias falsas serão compartilhadas nesta quinta-feira pela campanhas dos presidenciáveis e por seus aliados para tentar ampliar a rejeição ao adversário?
Dentre as marcas inabaláveis do pleito de 2018 está o peso das fake news distribuídas via rede social para minar sobretudo a candidatura do petista Fernando Haddad, cuja rejeição bateu 47%, segundo o último Ibope.
Um estudo feito por USP, UFMG e Agência Lupa mostra que apenas quatro das 50 imagens mais compartilhadas em grupos de WhatsApp entre 16 de agosto e 7 de outubro são verdadeiras. E elas não necessariamente primam pela verossimilhança.
O site BuzzFeed chegou a fazer, nesta quarta-feira, uma lista com as fake news mais bizarras da eleição. A maior parte tem Haddad e sua chapa como alvo. Entre elas estão “mamadeiras eróticas não foram distribuídas em creches pelo PT” e “é falsa foto de Manuela com camiseta que traz a frase ‘Jesus é travesti’”.
A fake news campeã das eleições poderia entrar para a lista: o inventadíssimo kit gay (uma suposta cartilha criada por Haddad para espalhar o homossexualismo nas escolas). O Monitor do Debate Político no Meio Digital, ligado à USP, mostra que apenas uma postagem de Jair Bolsonaro (PSL), referindo-se a Haddad como “pai do kit gay”, teve mais de 115.000 compartilhamentos desde que foi ao ar, no dia 10 de outubro.
O pastor Silas Malafaia, aliado de Bolsonaro, é outro campeão de compartilhamento da mentira. O Tribunal Superior Eleitoral determinou, na terça-feira, que “kit gay” não existe e determinou a suspensão de links sobre o tema.
Ontem, o próprio candidato do PSL editou uma fala de seu adversário que tinha como tema a mentira para confundir os eleitores. Bolsonaro divulgou trecho de uma entrevista de Haddad ao El País em que o petista fala “ao longo de 28 anos como deputado ele não mentiu, só está mentindo agora”. O capitão afirma que “depois de Cid Gomes, agora é a vez do próprio Andrade tentar ajudar Bolsonaro! Kkkk”.
Pouco depois, porém, o El País postou no Twitter a entrevista completa afirmando que Bolsonaro editou trecho para “sugerir que Haddad o elogia”. Na sequência da frase postada pelo adversário, Haddad afirma que ele não mentiu porque “disse que fecharia o Congresso se fosse presidente, que o filho foi bem educado e não namoraria uma afrodescendente”.
Enfim: não é das mentiras mais cabeludas da campanha, mas é mais um episódio de como entrevistas e frases colocadas fora de contexto e distribuídas pelas redes sociais causam um desserviço ao eleitor.
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