A Rádio Guaíba tentou entrevistar Bolsonaro, mas o candidato fez uma "exigência": disse que só falaria se os jornalistas da bancada permanecessem em silêncio. A censura foi repudiada por Juremir Machado da Silva, que pediu demissão ao vivo
O jornalista Juremir Machado da Silva pediu demissão, ao vivo, após ser impedido de fazer perguntas ao candidato Jair Bolsonaro (PSL) durante entrevista à Rádio Guaíba.
O episódio ocorreu no programa Bom Dia com Rogério Mendelski. Bolsonaro disse que só falaria com o apresentador e exigiu que todos os demais jornalistas da bancada permanecesse em silêncio. Se não fosse assim, não daria a entrevista.
“O silêncio de vocês foi uma condição do candidato”, admitiu o apresentador Mendelski após a entrevista.
“Nós poderíamos dizer que o candidato nos censurou?”, questionou o jornalista Juremir Machado da Silva. O apresentador rebate, dizendo que não houve censura.
“Eu achei humilhante e, por isso, estou saindo do programa. Foi um prazer trabalhar aqui por 10 anos”, desabafou Juremir, que, logo após, deixou o estúdio.
Na última semana, Fernando Haddad foi entrevistado pela mesma rádio. O candidato não fez nenhuma exigência e respondeu a perguntas de todos os integrantes da bancada.
A Rádio Guaíba pertence à Rede Record, do bispo Edir Macedo, apoiador de Bolsonaro.
No dia 13 de outubro, o site de notícias Intercept Brasil publicou o relato de um funcionário do portal R7, também de propriedade de Edir Macedo, que denuncia censura e direcionamento na cobertura das eleições para publicar apenas notícias que favoreçam o candidato do PSL.
Desde então, o Intercept afirma que o império midiático do religioso vem tentando intimidar jornalistas do site.
VÍDEO:
Prática adotada por Bolsonaro é típica de ditadores. Veja um exemplo:
Debates e Roda Viva
Matéria do Pragmatismo Político mostrou que Jair Bolsonaro é o primeiro candidato da história a fugir de debates presidenciais no 2º turno.
Por receio de que o candidato fale besteiras ou caia em contradições, a alta cúpula de campanha de Bolsonaro decidiu que ele não deveria se expor em debates e entrevistas com muitos jornalistas.
Na campanha do candidato da extrema-direita, há um entendimento de que quanto menos ele falar, melhor. Dessa forma, suas fragilidades não são transmitidas ao grande público.
Na semana passada, os médicos que acompanharam Bolsonaro no Hospital Albert Einstein informaram que, clinicamente, ele estava ótimo e liberado para participar de debates e agendas de campanha.
Jair Bolsonaro também recusou um convite para ser entrevistado no Programa Roda Viva, da TV Cultura. Haddad foi sabatinado no programa nesta segunda-feira (22).
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