"Mesmo neste ambiente difícil de tomar decisão sem criar problemas, rompimentos, ou levar desaforos para o lar, resolvi escrever". Professor de Direito Penal lista argumentos que o fizeram optar por Fernando Haddad neste 2º turno e texto viraliza
Por Pierpaolo Bottini*
A polarização tomou conta do país. Nesse ambiente, difícil tomar posição sem criar problemas, rompimentos, ou levar desaforos para o lar. Mas como o silêncio será entendido pela geração futura como conivência com um porvir talvez sombrio, resolvi escrever.
Escrever para deixar registrada minha esperança.
Tenho filhos. Quero que eles cresçam em um país onde homens, mulheres, gays, lésbicas, negros, índios sejam respeitados. Em que pais achem mais importante a felicidade do que a opção sexual de seus filhos.
Tenho alunos. Quero que eles estudem em um ambiente de tolerância, de respeito pela diferença e liberdade de expressão – em que adversários sejam ouvidos e não varridos ou exilados.
Tenho profissão. Sou advogado. E quero que os juízes de meus casos sejam autônomos, independentes. Que decidam de acordo com argumentos e não com medo de cabos ou soldados.
Tenho pais. Quero garantir que o regime político pelo qual eles lutaram, pelo qual alguns de seus amigos desapareceram, não seja levado por um vendaval de ódio.
Enfim, tenho esperança.
Esperança de que segunda feira a democracia amanheça e nos agradeça pelo bom senso.
Por isso, voto Haddad.
*Pierpaolo Bottini é professor de Direito Penal da USP
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