Médica reage de maneira violenta ao saber que paciente não votou em Jair Bolsonaro no 1º turno da eleição. Idoso teve a receita rasgada. Mulher se pronuncia, diz estar arrependida e afirma que pediu "perdão a Deus"
Uma médica infectologista que atende no hospital Giselda Trigueiro, em Natal (RN), rasgou a receita de um paciente após ele responder que não votou no candidato Jair Bolsonaro no 1º turno.
A vítima é o aposentado da saúde José Alves de Menezes, de 72 anos. O episódio aconteceu na última segunda-feira (8), um dia depois da eleição.
O idoso registrou um boletim de ocorrência na 7ª Delegacia de Polícia de Natal. A médica Tereza Dantas confirmou o caso, mas disse que está arrependida.
A atitude da médica foi testemunhada por outros funcionários do hospital. Depois de ser humilhado por ela, o aposentado procurou o serviço social do local, que o encaminhou para outro médico e ele conseguiu, finalmente, receber a receita.
“Me senti ofendido. Passei vergonha na frente de todo mundo. No início, achei que era brincadeira e até ri”, relata o aposentado.
“Eu disse que votei no Haddad, aí ela disse: ‘pois então não dou mais a receita’, e rasgou. Duas ou três pessoas também viram”, conta o homem.
“Respondi na inocência. Nem sabia quem era o candidato dela. Nunca votei no PT, nunca fui fanático por partido nenhum. Essa foi a primeira vez que votei nele”, acrescentou.
A ouvidoria do hospital informou que já está tomando providências pela via jurídica.
“A postura desta médica é inadmissível! Além de ser um desrespeito e um constrangimento ao aposentado, fica clara a utilização da sua profissão e do serviço público para coagir o voto no seu candidato. O Sindsaúde não tolerará atos como este e já está tomando todas as medidas jurídicas e políticas”, disse Simone Dutra, vice coordenadora do Sindicato da Saúde do Rio Grande do Norte (SindSaúde).
“Arrependida”
Além de dizer que está arrependida, a médica Tereza Dantas disse que “pediu perdão a Deus”.
“Eu estava conversando com outras pessoas sobre a situação política do país e fiquei exaltada, no momento. Eu realmente rasguei (a receita), porque ele não votou no meu candidato. Fiz errado, não tenho dúvidas”, disse Tereza.
“Eu pedi perdão a Deus e pedi que ele me ajudasse a tirar de mim essa mágoa. Eu nunca gostei de extremismos e estava me transformando em algo que não gosto. Não deveria ter feito isso, eu sei. Agi por impulso e, por isso, peço desculpas”, continuou a profissional.
Em nota, a Secretaria de Saúde Pública (Sesap) informou que esta não é uma conduta adotada pelo Hospital, nem muito menos de orientação do órgão.
“Assim que for notificada, a direção da unidade iniciará um processo de abertura de procedimento de sindicância e tomará as medidas cabíveis dentro da Lei”, disse a nota.
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