Pela primeira vez na história, um candidato foge dos debates no 2º turno
Cheque em branco? Pela primeira vez na história, um candidato foge dos debates no 2º turno da disputa presidencial e, mesmo assim, Brasil pode elegê-lo. Band, Record e Globo cancelam eventos
Está decidido. Neste 2º turno da eleição presidencial, não haverá debates entre os candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT).
É a primeira vez que isso ocorre na história política brasileira desde que foram instituídos dois turnos para a eleição no Executivo.
Depois da Record e da Band, a Rede Globo cancelou o debate previsto para a próxima sexta-feira (26) entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT).
A emissora também descartou o pedido de Haddad para que, na ausência do adversário, ele fosse entrevistado.
Por receio de que o candidato fale besteiras ou caia em contradições, a alta cúpula de campanha de Bolsonaro decidiu que ele não deveria se expor em debates e entrevistas com muitos jornalistas.
Na campanha do candidato da extrema-direita, há um entendimento de que quanto menos ele falar, melhor. Dessa forma, suas fragilidades não são transmitidas ao grande público.
Na semana passada, os médicos que acompanharam Bolsonaro no Hospital Albert Einstein informaram que, clinicamente, ele estava ótimo e liberado para participar de debates e agendas de campanha.
Com isso, Bolsonaro confessou a possibilidade de não ir a qualquer debate no segundo turno por uma questão estratégica. A profecia se fez.
História de debates
A estreia de um debate televisivo entre presidenciáveis se deu em outubro de 1960, quando a rede ABC convidou John Kennedy e Richard Nixon para uma discussão diante das câmeras. Kennedy deu um banho, e elegeu-se.
O público aprovou a ideia e, desde o confronto entre Gerald Ford e Jimmy Carter, no já longínquo ano de 1976, toda disputa presidencial nos Estados Unidos inclui a realização de pelo menos um debate — o que é um grande benefício para os americanos e seu país.
No Brasil, com o fortalecimento das campanhas nas redes sociais e a proliferação das fake news, Bolsonaro conclui que o confronto de ideias entre dois candidatos ao posto mais alto da nação é algo dispensável.
A última pesquisa Datafolha apontou que 73% do eleitorado considera os debates relevantes e gostaria de ver um enfrentamento entre Haddad e Bolsonaro.
No entanto, o dado parece não ter impressionado a campanha de Bolsonaro, que decidiu que o Brasil ficará sem esse tão aguardado confronto democrático das ideias.
(1989)
(2002)
(2006)