Racismo não

Polícia investiga ofensas contra modelos negras e pobres no DF

Share

"Desfile só de pretas aqui [...] coisa horrorosa". Mulheres também foram comparadas a escravas. Polícia Civil investiga o caso

A Polícia Civil investiga uma série de ofensas direcionadas a modelos negras que participavam de um concurso de moda em um shopping do Distrito Federal.

As mensagens foram escritas por três homens no WhatsApp e se espalharam nas redes sociais.

Na ocasião, 180 modelos de 16 a 25 anos competiam na primeira seletiva do Top Cufa, um concurso de beleza dedicado a mulheres que vivem nas periferias do Brasil.

O evento era realizado em um espaço aberto ao público dentro do centro de compras.

A delegada Erica Macedo, responsável pelo caso, afirma que o grupo de WhatsApp onde foram escritas as mensagens era formado por estudantes de uma mesma instituição de ensino.

Na troca de mensagens, um dos homens, identificado como Alex, escreve que “tá tendo um desfile só de preta aqui no JK [Shopping]” e comenta: “Coisa horrosa”. Ele estava no local no momento do evento.

Em seguida, outro, identificado como Muniz, fala em tom jocoso que Alex tirou uma foto do desfile e encaminha a imagem de escravas enfileiradas, com cestas em cima da cabeça.

Um deles contesta a “brincadeira” e um quarto, de apelido Dandan, responde: “Agr o cara é obrigado a achar as preta bonita? [sic]”.

O caso foi registrado na Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial por volta das 17h desta segunda-feira (15) pelo organizador do evento e presidente da Central Única das Favelas (Cufa) no DF, Bruno Kesseler.

“O que a Cufa faz é combater o racismo. Não vamos deixar que isso passe impune, que as pessoas achem que isso é normal.”

Segundo a delegada, as ofensas serão interpretadas como racismo e não como injúria racial. “Eles não atingiram determinada pessoa negra, mas usaram elementos de cor para ofender toda uma coletividade, as mulheres negras de forma geral”.

Acompanhe Pragmatismo Político no Twitter e no Facebook