Eleições 2018

Dono de rede de supermercados intimida funcionários a votarem em Bolsonaro

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Fundador de rede de supermercados envia memorando em que intimida funcionários a votarem em Jair Bolsonaro. Argumentos utilizados pelo empresário são tragicômicos

Pedro Joanir Zonta (reprodução)

Uma carta do presidente do Condor, Pedro Joanir Zonta, tem circulado nas redes sociais e gerado, ao mesmo tempo, desconforto e confiança. Escrito com palavras de esperança, o documento demonstra o apoio do empresário do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL). Na carta, o presidente da maior rede de supermercados do Paraná elenca motivos pelos quais vota em Bolsonaro e motivos pelos quais não vota “na esquerda”, como ele definiu, e ainda sugere aos funcionários que votem em seu candidato.

Segundo Zonta, a escolha por Bolsonaro se deu por “ele não ter medo de dizer o que pensa, proteger os princípios da família, da moral e dos bons costumes”. O presidente do Condor diz também que Bolsonaro “luta contra o aborto e contra a sexualização infantil, é a favor da redução da maioridade penal e segue os valores cristãos” e, por isso, o escolheu como seu candidato.

O motivo principal de Pedro Joanir Zonta de “não votar na esquerda” seria o fim da família, a desestruturação das empresas brasileiras, públicas ou privadas. Além disso, o presidente da rede de supermercados culpa a esquerda pela “transformação do Brasil em uma Venezuela” e ressalta que “em nenhum país a esquerda deu certo”.

Por fim, o empresário deixa o compromisso de que não haverá corte no 13º salário e nas férias dos colaboradores do grupo Condor. “Acredito no Bolsonaro, votarei nele e peço que confiem em mim e nele para colocar o Brasil no rumo certo”, finaliza a carta, dando a entender um pedido de confiança (ou de voto) no candidato do PSL à presidência.

A assessoria de imprensa do Condor confirmou a veracidade da carta. Apesar disso, ainda não há um posicionamento oficial da rede ou até mesmo do próprio empresário, sobre a repercussão disso na mídia.

Declaração polêmica

O posicionamento do presidente do Condor começou a circular logo após um vídeo polêmico envolvendo outro empresário ser divulgado nas redes sociais. No vídeo, Luciano Hang, dono das lojas Havan, aparece ameaçando sair do país e, consequentemente, demitir 15 mil funcionários caso seu candidato, Jair Bolsonaro, não vença as eleições.

Luciano disse ter feito uma pesquisa de intenção de voto com os funcionários da Havan e descobriu que 30% dos colaboradores pretendem votar branco ou nulo. Nesse momento, o empresário faz um alerta sobre o que “os votos dos funcionários” poderiam acarretar. “Você está preparado para ganhar a conta da Havan? Você que sonha em ser líder, gerente, crescer com a Havan, você já imaginou que tudo isso pode acabar no dia 7 de outubro e a Havan pode 1 dia fechar as portas e demitir os 15 mil colaboradores que vamos ter no final do ano?”, declarou.

Logo depois da repercussão, em entrevista à Folha de São Paulo, Luciano Hang negou que intimidou os funcionários, disse que não seria democrático obrigar alguém a votar em determinada pessoa. “Você pode dizer em quem você acha que deve votar, mas nunca obrigar”. Em contrapartida, ele reforçou a tese de que, se não for voto no Bolsonaro, os brasileiros terão apenas outra opção, o Partido dos Trabalhadores (PT), e que, sim, caso Haddad (PT) ganhe vai rever o plano estratégico e se preparar para deixar o país, como fizeram na Venezuela.

Alerta importante

Depois da declaração do empresário dono da Havan, o Ministério Público do Trabalho (MPT) emitiu, nesta segunda-feira (1º), uma nota pública para alertar as empresas e funcionários sobre a proibição de imposição, coação ou direcionamento nas escolhas políticas de empregados. Segundo o MPT, a prática pode caracterizar como discriminação em razão de orientação política, o que configura irregularidade trabalhista e que pode ser alvo de investigação e ação civil pública por parte do MPT.

O procurador-geral do trabalho, Ronaldo Curado Fleury, explicou que a interferência por parte do empregador sobre o voto de seus empregados pode, ainda, configurar assédio moral. Quem presenciar tal prática pode fazer denúncia ao MPT através do site do órgão.

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Lucas Sarzi, Tribuna Paraná

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