Poucas horas depois que o WhatsApp comunicou o banimento de usuários ligados às empresas que dispararam ilegalmente mensagens em massa para manipular as eleições, Flávio Bolsonaro esbravejou por ter sido banido
Senador mais votado nas eleições de 2018, Flávio Bolsonaro (PSL) irritou-se na manhã desta sexta-feira (19) por ter sido banido “do nada” do WhatsApp.
“A perseguição não tem limites! Meu WhatsApp, com milhares de grupos, foi banido DO NADA, sem nenhuma explicação! Exijo uma resposta oficial da plataforma”, esbravejou Flávio.
Coincidentemente, o banimento ocorreu horas depois que o WhatsApp comunicou ter bloqueado usuários ligados às empresas que dispararam ilegalmente mensagens em massa para manipular as eleições gerais.
Depois do post do filho de Bolsonaro nas redes, o WhatsApp confirmou que a conta dele foi banida e alegou “comportamento de spam”, sem citar envolvimento do senador eleito com as denúncias publicadas ontem.
Pouco depois, Flávio voltou a postar, dizendo que “o telefone, cujo WhatsApp foi bloqueado, é pessoal e nada tem a ver com uso por empresas”. E que já havia sido desbloqueado, “mas ainda sem explicação clara sobre o porquê da censura”.
A reportagem do jornal “Folha de S.Paulo” desta quinta relata casos de empresas apoiadoras de Bolsonaro que compraram ilegalmente pacotes de disparo de mensagens contra o PT por meio do WhatsApp.
A prática pode ter influenciado o resultado da eleição no 1º turno. Uma mega-operação de empresários estava sendo orquestrada para lançar outras milhões de mensagens a poucos dias do segundo turno.
Mais de 150 empresários estariam envolvidos no esquema. Cada contrato custou, em média, R$ 12 milhões.
Banimentos
O WhatsApp enviou notificação extrajudicial para as agências Quickmobile, Yacows, Croc services e SMS Market determinando que parem de fazer envio de mensagens em massa e de utilizar números de celulares obtidos pela internet, que as empresas usavam para aumentar o alcance dos grupos na rede social.
A agência AM4 e outras estão sob investigação e serão notificadas caso sejam comprovadas as irregularidades.
O comportamento fere as regras do WhatsApp. O envio de mensagens em massa com conteúdo eleitoral não é ilegal, desde que use a base de usuários dos próprios candidatos, ou seja, listas com nomes e telefones celulares de apoiadores que voluntariamente os cederam.
No entanto, várias agências venderam bases de usuários de terceiros, segmentadas por região e perfil, de origem desconhecida —o que é ilegal.
“Estamos tomando medidas legais para impedir que empresas façam envio maciço de mensagens no WhatsApp e já banimos as contas associadas a estas empresas”, informou em nota o WhatsApp.
A empresa também disse que usa tecnologia de ponta para detectar contas com comportamento anormal para que elas não possam ser usadas para espalhar mensagens de spam.
A presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a ministra Rosa Weber, convocou para esta sexta-feira (19) uma reunião com PT e aliados para discutir o caso.
O partido do presidenciável Fernando Haddad entrou com ação na Justiça Eleitoral para investigar suposto financiamento ilegal de campanha por Jair Bolsonaro (PSL).
Weber falará à imprensa na tarde desta sexta, acompanhada da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e de outras autoridades.
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