Bancada eleita do PSL para o Congresso realizou a 1ª reunião após as eleições de 2018. Encontro aconteceu em hotel de Brasília, durou três horas e foi marcado por críticas e indefinições
A primeira reunião da bancada eleita do PSL para o Congresso, realizada nesta quarta-feira (21) em Brasília, terminou sem indicação de nomes para as presidências da Câmara e do Senado.
Cerca de 35 parlamentares do partido do presidente eleito Jair Bolsonaro se reuniram por três horas em um hotel da capital federal. Bolsonaro compareceu rapidamente ao encontro, mas entrou pela garagem da hospedaria e não falou com a imprensa.
Também a inacessibilidade de Onyx Lorenzoni (DEM-RS), futuro ministro-chefe da Casa Civil, foi comentada pelos parlamentares presentes como o ponto de maior conflito na bancada.
“O Major Olímpio [PSL-SP], eleito com nove milhões de votos, ligou pra ele mais de vinte vezes e não conseguiu falar”, afirmou um dos deputados.
Após a reunião, a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) confirmou o mal estar. “Os parlamentares apresentaram um certo desconforto, dizendo que não estavam sendo atendidos pelo governo”, disse.
De acordo com ela, os insatisfeitos citaram Onyx explicitamente. A sugestão apresentada, conta, foi de levar uma comitiva ao encontro do futuro ministro-chefe da Casa Civil, o que teria sido aceito de imediato por ele.
“O que está havendo ali é um desencontro de informações. […] O Onyx está vivendo uma sucursal do inferno de agenda, dormindo duas horas por noite”, finaliza.
Hasselmann afirmou ainda que Bolsonaro está ciente das reclamações e que, durante a reunião, o presidente eleito alegou que as indicações foram técnicas e seria apenas coincidência a presença forte do Democratas.
Além de Onyx, Bolsonaro já anunciou outros dois nomes do Democratas para ocupar ministérios: Tereza Cristina, para a pasta da Agricultura, e Luiz Henrique Mandetta para a Saúde.
Comando
A suposta falta de apoio de Onyx é uma das causas para a indefinição quanto às eleições legislativas. Para deputados do PSL, uma candidatura própria à presidência da Câmara seria uma forma de contrabalancear o protagonismo que o DEM vem desenhando no novo governo.
Olímpio apoia abertamente o nome de Luciano Bivar, fundador e atual presidente do PSL, para disputar a presidência da Câmara.
Esse movimento, porém, encontra resistência. Parte das lideranças do PSL acredita que o partido deve investir em nomes de outra legenda, em um acordo a ainda ser costurado. Essa é a opinião do próprio Bolsonaro. Pesa ainda a visão de Joice Hasselmann, que já declarou reiteradas vezes que o presidente da Casa deve ser um deputado experiente no cargo -um obstáculo para o PSL, formado majoritariamente por novatos.
A deputada afirma ainda que não há nada definido em relação a Rodrigo Maia (DEM-RJ), que deve tentar a reeleição. O deputado Delegado Waldir (PSL-GO) confirmou a incerteza quanto a Maia e estimou que “há oito ou nove nomes” que já demonstraram interesse na cadeira.
“Todos são excelentes nomes, como do Delegado Waldir, que também é pré-candidato”, provocou. O deputado destacou ainda os nomes de Capitão Augusto (PR-SP) e João Campos (PRB-GO).
Opções
Joice Hasselmann, que se intitula principal responsável pelo diálogo com os demais partidos, confessou que também não há consenso para a eleição do Senado.
Ela citou Simone Tebet (MDB-RS) como uma opção para a presidência, mas não quis responder quando questionada se já conversou com a senadora sobre a possibilidade. Para ela, Espiridião Amin (PP-SC) e Tasso Jereissati (PSDB-CE) são outros nomes viáveis para a disputa.
O diálogo com os senadores faz parte de uma negociação que Hasselmann alega estar realizando para formar um “blocão” de apoio ao PSL no Congresso. O objetivo da parlamentar é conseguir pelo menos cem nomes.
“Tem que ter mais de uma centena, senão o Centrão leva tudo”, justifica.
O apoio a uma possível candidatura de Renan Calheiros (MDB-AL), afirma ela, não deve acontecer. Ao ser questionado sobre o nome do senador alagoano para a presidência do Senado, Major Olímpio concordou categoricamente: “Pra mim, não”.
Ana Luiza De Carvalho, Congresso em Foco
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