FHC e Bolsonaro trocam farpas em redes sociais após declaração do tucano. Relações diplomáticas e comerciais com a China viram motivo de mensagens entre ex-presidente e presidente eleito
O ex-presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) trocaram uma série de provocações nas redes sociais, após declaração do tucano de que o governo Bolsonaro deve ser prejudicial à imagem do país no exterior.
Em programa gravado em Lisboa, que irá ao ar no próximo dia 7, FHC disse que em seu modo de ver o próximo governo deverá ter um impacto negativo em outros países.
“Ele [Bolsonaro] disse que o Mercosul não é prioridade, o que abala a relação do Brasil com parceiros do Sul. Foi dito que, eventualmente, o Brasil poderia cortar relações com certos países”, afirmou.
A declaração foi divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo, que acompanhou o evento Fronteiras XXI, promovido pela Fundação Francisco Manuel dos Santos e a emissora RTP 3, no último dia 3, em Portugal.
Após a repercussão da fala de FHC, Bolsonaro publicou neste domingo (4) em seu Twitter uma foto em que o ex-presidente aparece segurando o livro “Prisoner of the State: The Secret Journal of Premier Zhao Ziyang” (O Prisioneiro do Estado: O Jornal Secreto do Primeiro Ministro Zhao Ziyang), escrito pelo ex-líder do Partido Comunista da China Zhao Ziyang.
A publicação do presidente eleito teve mais de 22 mil curtidas e, a maioria dos comentários, acusa o tucano de ser comunista. Um deles é o do dono das Lojas Havan, Luciano Hang, que diz: “FHC enganou a mim e a todos os Brasileiros. É um comunista”.
Na manhã desta segunda-feira (5), FHC respondeu à provocação. Em seu Twitter, ele escreveu que “a desinformação é péssima conselheira, sobretudo vinda dos poderosos”.
Durante a corrida eleitoral, FHC já havia tecido críticas a Bolsonaro. No 2º turno, o tucano declarou que não votaria no candidato do PSL, mas também negou que apoiaria seu adversário, o petista Fernando Haddad.
Memórias de Zhao Ziyang
O livro que FHC segura conta as memórias do ex-general e secretário do partido comunista chinês Zhao Ziyang, que foi demitido, deposto e preso após apoiar os estudantes que promoveram os protestos na Praça da Paz Celestial, em 1989.
Os manifestantes reclamavam dos excessos de repressão e corrupção do governo e tiveram seus atos suprimidos pelo exército chinês. A obra, que foi produzida inteiramente em segredo, foi publicada em em maio de 2009, cinco anos após a morte do ex-líder chinês.
Clara Cerioni, Exame
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