Bolsonaro reduz salário mínimo, mas garante que perdoará a dívida de R$ 17 bi de ruralistas
O aumento do salário mínimo é o menor em 24 anos.
O presidente Jair Bolsonaro assinou nesta terça feira, 1º, decreto que reduz salário mínimo para R$ 998, oito reais a menos do que o aumento previsto no orçamento enviado ao Congresso Nacional.
O valor atual é de R$ 954. O ato foi um dos primeiros realizados pelo presidente em seu governo.
Obedecendo as regras estabelecidas no Governo do PT, em 2012, o governo Temer previa aumentar o salário mínimo para R$1.006,00.
Enquanto reduz o salário de milhares de trabalhadoras e trabalhadores brasileiros, Bolsonaro garante que perdoará dívida bilionária de ruralistas. Pelas contas da Receita Federal, será um impacto da ordem de R$ 17 bilhões aos cofres públicos.
O perdão desse rombo bilionário acumulado por produtores rurais e agroindústrias com o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural) poderá ser realizado através da aprovação da Lei 9.525/2017.
De acordo com o secretário de Assuntos Fundiários no Ministério da Agricultura, o presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antônio Nabhan Garcia, Bolsonaro garantiu que vai trabalhar para aprovar essa lei, anistiando os ruralistas.
“Conversei com o Bolsonaro esses dias na Granja do Torto e ele garantiu que vai cumprir sua promessa de campanha de que faria tudo para resolver o problema do Funrural, e resolver está muito claro o que é: aprovar a lei que isenta o pagamento retroativo”, disse Garcia ao Valor Econômico, no mês passado.
O deputado Marcelo Freixo (PSOL) criticou a manobra de Bolsonaro. “O orçamento para 2019 previa salário mínimo de R$ 1.006, mas @jairbolsonaro assinou decreto estabelecendo R$ 998. Esses R$ 8 a menos fazem diferença na vida dos trabalhadores. Ao mesmo tempo, ele anuncia que perdoará a dívida de R$ 17 bilhões de ruralistas com a União”, disse Freixo no Twitter.
Com toda certeza, ao reduzir o salário mínimo e beneficiar ruralistas, o novo presidente deixa mais uma vez claro que quem está acima de tudo não é Deus, muito menos a família, mas sim o mercado.
*João Elter Borges Miranda é professor de história formado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, trabalha na rede pública do Estado do Paraná e milita na Frente Povo Sem Medo, Frente Ampla Antifascista e Intersindical. Email: [email protected]