"A palavra da família é 'revolta' [...] meu pai não merecia isso". Emocionada, filha de Vavá comenta o circo montado pela Justiça para proibir Lula de enterrar o irmão
“A palavra da família é ‘revolta’. Essas pessoas que estão fazendo isso, têm pai, mãe, filhos. Eu rezo para que eles não passem pelo que a gente está passando. Meu pai não merecia isso […]”.
O desabafo acima foi proferido por Andrea Marin da Silva, filha de Vavá e sobrinha do ex-presidente Lula (vídeo abaixo).
Nesta quarta-feira (30), Lula foi impedido de enterrar o irmão. A decisão chocou juristas, jornalistas, personalidades e familiares.
“Meu tio é um preso político. Ele não merece isso. Todo ser humano tem direito de enterrar os seus”, afirma Andrea.
A fala da filha de Vavá é sustentada pelo artigo 20 da Lei de Execuções Penais: “Os condenados que cumprem pena em regime fechado ou semi-aberto poderão obter permissão para sair do estabelecimento quando ocorrer: falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão”.
Apenas em 2015, mais de 175 mil presos deixaram suas celas para sepultar parentes. Ou seja, sonegou-se a Lula um direito, não um privilégio.
Edison Inácio, 55 anos, filho mais velho de Vavá, também demonstrou indignação e tristeza. “Não tem explicação, não tem lógica”, disse, ao comentar a proibição a Lula de se despedir do irmão.
Diante do circo judicial que se criou desde a morte de Vavá, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, autorizou a saída de Lula para encontrar “exclusivamente” familiares, em uma unidade militar, para a qual o corpo de Vavá poderia ser levado.
A decisão foi dada no momento em que o corpo de Vavá estava sendo enterrado. Por esta razão, o próprio Lula decidiu não sair da prisão.
Embaixador e ex-secretário geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães disse que a decisão judicial protagonizada por Carolina Lebbos, com o aval de Moro e Dallagnol é algo extraordinário.
“A forma como o ex-presidente Lula está sendo tratado pelo Judiciário, pela polícia e por todos é absolutamente medieval. Fica cada vez mais patente que ele é vitima de uma perseguição política”, afirmou.
Vavá
Genival Inácio da Silva, o Vavá, morava na Pauliceia em um sobrado e tinha expectativa de visitar Lula no começo do ano, mas seu estado de saúde não permitia deslocamentos. Anos atrás, teve de amputar a perna esquerda.
Amigos contam que, mesmo doente, se mantinha animado, uma característica sua, o que vários testemunhos confirmam. Tinha 79 anos. Lula completará 74 em outubro. Uma coisa os separava: o time de futebol. Enquanto o ex-presidente é corintiano, seu irmão era são-paulino.
Edison, o filho mais velho, precisa de apenas uma palavra para definir o pai, a lembrança mais forte: coração. “Ele nunca deixou de ajudar quem precisasse. Quem conheceu meu pai sabe que ele ajudava quem passava no portão”.
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