Redação Pragmatismo
Lula 30/Jan/2019 às 15:37 COMENTÁRIOS
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Personalidades e adversários se solidarizam com Lula após circo do judiciário

Publicado em 30 Jan, 2019 às 15h37

Judiciário não assegurou direito a Lula de se despedir do irmão e montou circo em torno do falecimento de Vavá. Personalidades se solidarizam com ex-presidente e até detratores reconhecem injustiça

Lula Vavá irmão morte
Lula não pôde se despedir do irmão Vavá (esq)

Personalidades, aliados e até adversários se solidarizaram com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após o circo protagonizado pelo judiciário em torno da morte do seu irmão, Genivaldo Inácio da Silva, o Vavá.

A trinca formada por Sergio Moro, Carolina Lebbos e Deltan Dallagnol não permitiu que Lula deixasse a prisão para se despedir do irmão. A decisão foi reforçada por Leandro Paulsen, desembargador do TRF-4.

Quando o corpo de Vavá foi enterrado, surgiu a sentença de Dias Toffoli, presidente do STF, autorizando Lula a viajar até São Bernardo do Campo (SP). Tarde demais. O ex-presidente decidiu permanecer no cárcere.

O cantor e compositor Chico Buarque se posicionou nas redes sociais. “Minha solidariedade ao Lula pela perda do Vavá. E meu repúdio à Justiça pelo cinismo e pela covardia”, escreveu.

“É um escândalo a proibição de Lula ir ao velório de seu irmão, direito assegurado pela lei! Até o General Mourão, insuspeito de esquerdismo, definiu como uma questão ‘humanitária’. Um arbítrio vergonhoso da PF comandada por Moro”, disse Guilherme Boulos (PSOL).

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), professor de Direito e ex-juiz federal, classificou como “oca e desconexa” a motivação apresentada pela Justiça Federal de Porto Alegre para negar o direito de Lula se despedir do irmão. “Lamentável e vergonhoso”.

O cartunista Caio Latuff lembrou que até mesmo na ditadura era garantido o direito a presos de velarem seus mortos. “Se não derem a Lula a chance de se despedir de seu irmão morto, fica caracterizado mais do que prisão politica. É crueldade, pura e simples!”.

“Afirmava-se que Lula não deveria ter tratamento especial – para melhor – por ser ex-presidente. Piada. Ele está tendo tratamento especial – para pior. Só não está podendo ir ao velório do irmão porque é Lula. Trata-se de injustiça”, disse o cientista político Alberto Carlos Almeida.

“Sinceramente, entendo que a relação com Lula, que nunca foi jurídica, transbordou do político e se tornou pessoal”, afirmou o ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro Fernando Haddad.

Adversários

Para o general Mourão, impedir Lula de participar do velório do irmão foi “falta de humanidade”. Ricardo Noblat, da Veja, conhecido como um dos principais detratores de Lula na mídia nacional, afirmou que a “lei foi rasgada” com a decisão de Carolina Lebbos.

O antipetista declarado Josias de Souza, do portal UOL, escreveu uma coluna sobre o comportamento da Justiça diante do pedido de Lula para se despedir de Vavá. Confira trechos:

Difícil saber para onde caminha a humanidade. Mas é fácil perceber que os agentes públicos que sonegaram a Lula o direito de velar o corpo do irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá, caminharam na contramão dos mais elementares sentimentos humanos.

Atropelaram-se valores civilizatórios como o humanismo e a própria Lei de Execuções Penais, que autoriza os presos a deixar o cárcere para comparecer, mediante escolta policial, a velórios e enterros de parentes próximos. O Supremo interveio. Mas a autorização chegou quando o corpo do irmão de Lula já se encaminhava para a cova.

Os arquivos eletrônicos do Departamento Penitenciário Nacional armazenam informações sobre o cumprimento da lei. Desatualizadíssimo, o banco de dados do órgão submetido à chefia do ministro Sergio Moro (Segurança Pública) informa que, no ano da graça de 2015, nada menos que 175.325 detentos deixaram suas celas para sepultar parentes. Ou seja: sonegou-e a Lula um direito, não um privilégio.

O pretexto da falta de tempo para planejar a “logística” do deslocamento do preso ofende a lógica, pois a morte bate de repente, sem aviso. A alegação de que a segurança pública e a própria integridade de Lula estariam em risco desafia a boa reputação da Polícia Federal.

Se quisesse, Lula ainda poderia usufruir do pedaço do despacho de Dias Toffoli em que o presidente da Suprema Corte facultou-lhe a possibilidade de se deslocar de Curitiba até São Bernardo para encontrar-se com seus familiares numa instalação militar. Mas ele decidiu se abster.

Preferiu gravar no verbete da enciclopédia um parágrafo sobre o dia em que as autoridades responsáveis pela execução de sua pena confundiram cumprimento de sentença com vingança, manuseando a lei e as circunstâncias com a frieza dos robôs.

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