Confusão revela que ministro das Relações Exteriores mentiu ao anunciar que o presidente da Apex renunciou ao cargo. Na verdade, Ernesto Araújo forçou a demissão de Alecxandro Carreiro, que agora se recusa a deixar o posto e exige encontro com Bolsonaro
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, faltou com a verdade ao anunciar na noite desta quinta-feira (9) o “pedido de demissão” de Alecxandro Carreiro, presidente da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex).
“O Sr. Alex Carreiro pediu-me o encerramento de suas funções como Presidente da APEX. Agradeço sua importante contribuição na transição e no início do governo. Levei ao PR Bolsonaro o nome do Emb. Mario Vilalva, com ampla experiência em promoção de exportações, para Pres. da APEX”, publicou Ernesto Araújo em seu Twitter.
A revista Crusoé revelou, por meio de uma troca de mensagens entre os dois, que Ernesto forçou a demissão de Carreiro. Segundo o presidente da Apex, o ministro não tem poder para demiti-lo. Essa decisão, segundo ele, só pode ser tomada pelo presidente Jair Bolsonaro.
Em nota, a agência afirma que Carreiro foi nomeado pelo presidente e que cumpriu normalmente sua agenda durante o dia, que incluía despachos internos e audiências com autoridades de Estado.
A nomeação de Carreiro para comandar a Apex era criticada por diplomatas do Itamaraty, que questionavam o seu inglês sofrível e nenhuma experiência para exercer o cargo.
O diálogo obtido pela Crusoé registra que minutos antes de tornar pública a saída Carreiro, por volta das 20h, o chanceler enviou a seguinte mensagem pelo celular para ele:
“Caro Alex, estou sendo cobrado. Preciso anunciar agora. Colocarei em termos de seu pedido de saída. Assinei a indicação do seu sucessor”. A mensagem contradiz o que o próprio ministro anunciou ontem (twitter acima).
Carreiro responde o chanceler após a publicação do tuíte sobre sua saída: “Ministro, não formalizei qualquer pedido”.
Segundo a agência Reuters, Ernesto Araújo divulgou que Alecxandro Carreiro renunciou ao cargo sem que ele tenha, de fato, aceitado fazê-lo.
Carreiro chegou a ir ao Planalto na manhã desta quinta-feira tentar um encontro com o presidente da República, mas não foi recebido. O presidente da Apex pretendia apelar a Bolsonaro por sua permanência no cargo.
A Reuters informa ainda que há grande desconforto no Planalto, já que Carreiro foi assessor do PSL e é indicação pessoal de Eduardo Bolsonaro, filho do presidente.
O Palácio do Planalto mantém-se oficialmente em silêncio sobre o caso até agora. Saiba mais sobre a primeira grande crise do governo aqui.
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