Ajoelhadas, alunas de medicina juram, entre outras coisas, a “solenemente nunca recusar uma tentativa de coito de um veterano”. Responsáveis pelo “trote” podem ser punidos com uma simples advertência até a expulsão
Imagens de alunas do curso de medicina da Unifran (Universidade de Franca-SP) sendo coagidas por veteranos a fazer um juramento polêmico vazaram nas redes sociais nesta semana. O jornal Folha de S.Paulo repercutiu o caso.
Ajoelhadas, as estudantes são obrigadas a afirmar, entre outras coisas, que jamais irão entregar seu “corpo a nenhum invejoso, burro, brocha, filho da puta da odonto ou da Facef”.
Em outros trechos do juramento, as calouras afirmam se submeter “à vontade dos veteranos” e juram “solenemente nunca recusar uma tentativa de coito de um veterano”.
Durante o vídeo, é possível ouvir risadas de participantes do ato. A ação provocou críticas de grupos como o Conselho Municipal da Condição Feminina de Franca e de outras associações estudantis, como a própria Atlética da Medicina da Unifran.
“Essa cultura machista que enfrentamos não pode ser considerada uma brincadeira, como foi vista por alguns alunos, mas sim uma violência. Um trote no qual as meninas tenham que fazer coisas humilhantes e que as coloca como objeto sexual é inaceitável, principalmente se pensarmos que os atores de tal ação podem ser nossos futuros médicos”, disse a presidente do Conselho Municipal da Condição Feminina de Franca, Ana Krauss.
Nas redes sociais, o tom das críticas foi o mesmo. “Ao me deparar com essas imagens, me questiono: que tipo de médico teremos?”, desabafou uma internauta.
“A imbecilidade não tem limites, e olha que isso ocorre num grupo dito “privilegiado na educação”, escolas particulares em sua maioria e ‘cidadãos do bem’. Realmente, temos a elite mais podre e hipócrita do planeta”, escreveu outra.
A associação atlética acadêmica do curso de medicina da Unifran informou condenar atitudes discriminatórias e que medidas serão tomadas. “O juramento feito no trote acabou por gerar uma repercussão muito grande, e com razão. Reconhecemos o cunho ofensivo do discurso feito, o qual não possui autoria das entidades estudantis”.
A entidade disse também que se propõe a “reformular o juramento” e pediu “desculpas a todos que se sentiram ofendidos, em especial a odonto Unifran e Facef pelos comentários infelizes”.
A Unifran divulgou nesta terça-feira, 5, comunicado oficial sobre o ocorrido:
“A Universidade de Franca (Unifran) repudia quaisquer atos que incitem preconceito, homofobia, machismo, discriminação, constrangimento ou equivalentes, praticados por membros da comunidade universitária, em particular aqueles relacionados aos chamados “trotes” aplicados aos novos estudantes.
É com esse espírito que a Instituição se manifesta veementemente contrária ao ocorrido no último dia 04 de fevereiro. Atitudes como essa não constituem somente atos de preconceito, mas um ataque à própria Universidade, uma violência à sua tradição e missão, motivo pelo qual os responsáveis pelos atos estão sendo identificados e serão penalizados, conforme previsto no Regimento Geral da UNIFRAN Art. 128, incisos III, VI, VIII e, em especial, o inciso V Penalidades de acordo com os artigos 132 e 133 (que podem ser de uma simples advertência até expulsão)”.
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