Ministério da Educação envia carta às escolas brasileiras com um pedido para o primeiro dia letivo de 2019: que professores, alunos e funcionários leiam "trechos curtos" do documento, cantem o hino nacional diante de uma bandeira do Brasil e enviem um vídeo da cerimônia à pasta
Uma solicitação enviada pelo Ministério da Educação (MEC) do governo Jair Bolsonaro às escolas do país, nesta segunda-feira (25), lembrou o Brasil dos tempos da ditadura militar.
A mensagem, encaminhada por e-mail, pede que as crianças sejam perfiladas para cantar o Hino Nacional Brasileiro. O ministério ainda especifica que as execuções devem ser gravadas em vídeos a serem enviados ao governo contendo nome da escola, número de alunos, de professores e de funcionários.
Além disso, que seja lida, nesse momento, uma carta assinada pelo ministro Ricardo Vélez Rodríguez, que termina com o slogan “Brasil acima de tudo. Deus acima de todos”, citação ao bordão da campanha de Bolsonaro nas eleições.
Enviada a escolas públicas e particulares de todo o Brasil, a mensagem causou imediata reação.
“Isso é ilegal, o MEC não tem competência para pedir nada disso às escolas”, afirmou o diretor da Associação Brasileira de Escolas Particulares (Abepar), Arthur Fonseca Filho, ao Estadão.
Para o líder do PT na Câmara dos Deputados, Paulo Pimenta, o ministro da Educação cometeu crime de improbidade, ao enviar e-mail às escolas para determinar que crianças sejam “perfiladas” para cantar o hino e sejam filmadas nessa atividade.
“Nem a ditadura ousou impor esse tipo de medida absurda”, disse o parlamentar. “Vamos entrar na Justiça imediatamente contra esse indivíduo, que não merece ocupar o cargo de ministro da Educação.”
A assessoria do ministério informou que a carta é apenas uma recomendação e não uma ordem. E que “a atividade faz parte da política de incentivo à valorização dos símbolos nacionais”.
RBA
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