Deputada é alvo de série de ataques nas redes sociais por usar decote durante cerimônia de posse. Um dos agressores é policial militar. Ana Paula da Silva reagiu aos comentários depreciativos
A deputada Ana Paula da Silva (PDT) sofreu uma série de ataques machistas nas redes sociais após usar um macacão vermelho com decote durante a cerimônia de posse na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc).
As agressões contra a parlamentar vieram de várias partes do país. Um dos comentários foi feito por um homem que se identificou como policial militar.
“Claro que foi um dia de bastante sofrimento, não vou negar. Mas eu não vou arredar o pé daquilo que eu sou. Eu quero ser feliz acima de todas as coisas. E isso implica em me apresentar para as pessoas como eu sou“, desabafou a deputada.
“Corpo, alma, verdadeiramente aquilo que eu sou. Acho que esse preconceito precisa ser desconstruído. E de fato, no ambiente da política, a presença esmagadora de homens nos faz encolher, nos faz retroagir“, acrescentou Ana Paula, eleita com 51.739 votos.
Ana Paula considera que as pessoas estão dando atenção para coisas que não são relevantes. “Hoje tem mais de 800 mil catarinenses esperando procedimento médico ou cirúrgico. Nesses 30 dias, essas filas só aumentaram. Essas sim são as questões mais importantes“, declarou.
Ataques
“Paulinha (PDT), a primeira dePUTAda que mostrou a que veio. Esperamos que mostre a sua capacidade sem precisar tirar a roupa”, escreveu um internauta.
“Gostaria de entender o motivo desses peitos de fora. Elegância e pudor não fazem mal a ninguém. Que vulgaridade! Isto contribui em que no jogo democrático?”, questionou outro.
Em resposta, a parlamentar disse:
“Esse mundo machista e preconceituoso em que vocês vivem não é o meu. Visto-me como quero, como acho que devo, e não coaduno com valores moralistas que patrocinam a corrupção, por exemplo. Já vi muito homem de terno e gravata tirando dinheiro da saúde, da merenda escolar, isso sim é inaceitável. Eu sou assim, sempre fui, e não vou mudar porque agora sou deputada. O que importa é o resultado do meu trabalho. E isso os catarinenses terão 4 anos para avaliar”
Justiça
A deputada garante que pretende processar quem fez comentários ofensivos contra ela. O advogado criminalista Leonardo Costella afirma que no caso da advogada, as pessoas que fizeram os comentários ofensivos podem ser condenadas até a pagar indenização por danos morais.
“Esses crimes podem muito bem serem classificados por difamação ou injúria, que são crimes contra a honra”, disse.
A Assembleia Legislativa informou que o regimento interno diz que o traje do plenário é passeio completo e que a roupa da deputada estava de acordo, por isso não houve quebra de decoro. Disse ainda que repudia os comentários misóginos contra a deputada.
O comando geral da Polícia Militar afirmou que vai abrir processo administrativo para investigar a postura do policial da reserva que postou os comentários ofensivos.
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