Deputada recoloca tornozeleira eletrônica que tirou sem autorização
Deputada é reconduzida pela Polícia Federal para recolocar tornozeleira eletrônica que havia retirado sem autorização judicial. Acusada de desvio em esquema milionária, a parlamentar foi autorizada por um juiz a tomar posse
A Polícia Federal conduziu na última segunda-feira (4) a deputada estadual Ione Pedroso (SD-RR) para recolocar a tornozeleira eletrônica que ela havia removido sem autorização judicial.
A condução da PF ocorreu após a Justiça Federal saber que Ione Pedroso estava sem o equipamento eletrônico. Ela é acusada de envolvimento em um escândalo de desvio milionário no transporte escolar e está em recolhimento domiciliar.
A decisão que obrigou a recolocação da tornozeleira foi dada pelo juiz Helder Girão Barreto, da 1ª Vara Federal, onde tramita o processo contra a deputada. O magistrado determinou também que a Sejuc explique como a parlamentar conseguiu retirar a tornozeleira uma vez que ele não havia dado autorização para isso.
“[…] Tenho notícia de que a requerente retirou a tornozeleira eletrônica – não sei por ordem de quem – ,e mesmo sabedora do indeferimento de pedido de retirada, permaneceu em silêncio quanto à irregularidade”, descreve trecho da ordem judicial.
Corrupção
A deputada Ione Pedroso foi presa em dezembro do ano passado na operação Zaragata da Polícia Federal. O marido de Ione, o empresário José Wallace Barbosa da Silva, fugiu e só foi capturado um mês depois, no dia 10 de janeiro, em São Paulo. A PF conduziu o empresário para Boa Vista no dia 16 de janeiro. Ele está preso na Cadeia Pública.
De acordo com a polícia, os envolvidos no esquema de desvio falsificavam documentos de prestação de serviços e licitações. Em só um dos contratos investigados, orçado em R$ 78 milhões, os pagamentos irregulares chegavam a R$ 50 milhões. Os envolvidos são servidores e empresários.
O casal Ione e José Wallace é sócio na empresa Diamond, alvo da operação da PF.
“Em alguns casos, certa empresa era contratada para fazer rotas de transporte já prestadas por outra empresa, a qual efetivamente prestava o serviço. Ou ainda, uma mesma empresa era contratada várias vezes para a mesma rota, recebendo vários pagamentos por uma mesma prestação”, detalhou a PF.
Posse
O juiz Hélder Girão Barreto concedeu uma decisão que a permitiu a deputada Ione tomar posse. O juiz considerou que o direito de Ione assumir o cargo de deputada não estava relacionado à ação da PF, pois o caso investigado não era sobre crime eleitoral. Com a decisão, ela deixou a prisão domiciliar, mas cumpre medidas cautelares como se recolher em casa à noite e nos dias de folga.
Ao ler o juramento de posse, Ione chorou. No encerramento da cerimônia, depois de assinar o termo, ela afirmou ser uma pessoa idônea e disse que vai provar sua inocência.
“Tudo na vida passa. Estou hoje, graças a Deus, livre. Tudo vai ser esclarecido. Sou uma pessoa idônea e, se Deus quiser, vou cumprir os quatro anos de mandato”, afirmou.