"Usei toda a minha força para tentar evitar [...]". Mulher foi surpreendida no banheiro feminino e precisou entrar em luta corporal com o empresário. Agressor estava com o cinto arriado quando foi contido por clientes. Reação da família do agressor revoltou a vítima
Ricardo Elias Mota de Oliveira é o nome do homem que tentou estuprar uma mulher no Belmonte, um tradicional bar do Leblon, no Rio de Janeiro.
O crime aconteceu no banheiro feminino do estabelecimento na madrugada desta segunda-feira (25). O agressor é empresário e tem 28 anos.
Quando a mulher estava saindo de sua cabine privada, Ricardo forçou a entrada e começou a tirar a roupa e tentou virar a vítima de costas.
“Na hora em que eu fui abrir o trinco, entrou esse cara, de quase 1,90m, forte. Ele falou: ‘agora você vai ver’, e eu achei até que ele estava entrando por engano”, relatou a vítima, de 32 anos.
“Usei toda minha força para tentar evitar que ele entrasse e gritei ‘me ajuda, me tira daqui’. Eu gritava sem parar, e ele começou a bater na minha boca para eu parar de gritar”, desabafou a mulher, que foi salva por uma menina que escutou os gritos que vinham do reservado e pediu socorro.
Surpreendido pelos clientes do bar durante o ataque, Ricardo reagiu como se a mulher estivesse mentindo. “O cara saiu gritando e me chamando de louca”, conta ela, que logo foi amparada pelas testemunhas. Ricardo Elias foi agredido por outros homens que estavam no local e não o deixaram fugir.
Cinto arriado
De acordo com a Polícia Civil, Ricardo Elias já havia tentado na mesma noite dar um beijo à força em outra jovem no estabelecimento. Ela conseguiu se desvencilhar do homem.
“Esse rapaz, o Ricardo, importunou sexualmente uma moça. Não satisfeito com isso, ele invadiu o banheiro chegando ao absurdo de esmurrar a outra jovem tentando de toda forma estuprá-la e calá-la. Com os gritos de desespero, os outros frequentadores do bar o agarraram até a chegada da Polícia Militar”, disse o delegado Antenor Lopes Martins.
Uma testemunha que estava no bar disse que Ricardo saiu do banheiro feminino com o cinto arriado:
“A gente estava lá, de boa. E, do meio do nada, saem duas mulheres do banheiro, desesperadas, gritando, ‘chama o garçom, chama o garçom, chama alguém, porque tem uma mulher no banheiro gritando, com a voz de um cara lá também’. Geral do bar ficou nervoso e aí foi uma galera para o banheiro. Em seguida sai o cara [Ricardo] do banheiro feminino com o cinto arriado e a mulher lá dentro, com a boca sangrando”.
Em depoimento na delegacia, o empresário alegou não se lembrar do que aconteceu. Ricardo disse que não agrediu nenhuma mulher dentro do banheiro e que não se lembrava de ter tentado beijar uma outra mulher no corredor do estabelecimento.
Ao ser perguntado se sabia o motivo de estar sendo acusado de estupro, agressão física e importunação sexual, ele disse ter sido confundido com outra pessoa.
Na delegacia, advogados do empresário também afirmaram que ele faz uso do medicamento Lexapro e que ele recebe acompanhamento psicológico e psiquiátrico em Brasília. Perda de memória não é listada como possível efeito colateral do medicamento em sua bula.
“Família estranha”
Familiares de Ricardo Elias chegaram no bar Belmonte antes de todos serem encaminhados para a delegacia. A vítima de tentativa de estupro diz ter estranhado o comportamento da família do agressor.
“Quando a mãe dele chegou, eu até fiquei emocionada e falei pra ela: ‘Nossa, a única pessoa que eu estou pensando agora é a minha mãe.’ Mas ela riu! Aí contei o que tinha acontecido e ela me perguntou de onde que eu conhecia o filho dela e porque eu tinha feito isso! Eu falei que nunca tinha visto o filho dela na vida”, revelou.
O caso se estendeu durante horas na delegacia. Tudo aconteceu por volta da 1h da manhã, mas a vítima só foi liberada às 12h (meio dia). A mulher afirmou que Ricardo dormiu e foi amparado pela família o tempo inteiro.
“A família dele foi bem sem noção. Fiquei revoltada. Ninguém chegou e falou ‘meu filho, o que que você fez?’. Não me pediram desculpa, nada. Depois, a irmã dele alegou que ele tinha problema psiquiátrico, mudou a história toda. A irmã queria que eu tirasse a queixa, porque iria prejudicar a família dela”, contou.
“Se eu não tivesse ido para a delegacia com as pessoas do bar, eu teria desistido. Foi muito longa a espera, muito cansativo. Houve muita tentativa de intimidação por parte da família dele”, relatou a vítima.
Ricardo Elias Mota de Oliveira foi autuado por tentativa de estupro e importunação sexual.
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