América Latina

EUA podem atacar a Venezuela a qualquer momento

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Há informações sólidas sobre movimentação de tropas militares dos EUA em direção a pontos estratégicos do Caribe. Ofensiva contra a Venezuela teria como pretexto "restaurar a democracia" naquele país. Nicolás Maduro manda fechar fronteira com o Brasil

Em comunicado oficial, o governo de Cuba informou que os Estados Unidos estão movimentando um número expressivo de tropas militares, sobretudo marítimas, em direção a pontos estratégicos do Caribe.

Foram observados voos de transporte militar dos EUA para a República Dominicana, Porto Rico e outras ilhas do Caribe, regiões nas quais os EUA possuem pontos de apoio para uma eventual agressão militar contra a Venezuela.

Estes aviões decolaram de bases militares dos EUA, onde estão instaladas unidades de forças especiais e de fuzileiros navais “usadas para realizar operações secretas, incluindo operações contra dirigentes de outros governos”.

A nota foi assinada na última terça-feira (19) pelo ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez. “Posso reiterar que conto com todos os dados que me permitem afirmar que estão sendo realizados voos de bases americanas, onde há unidades de operações especiais do exército e de fuzileiros em preparação de ações contra a Venezuela”, afirmou.

O ministro relatou que “o governo dos Estados Unidos continua exercendo pressão sobre os Estados membros do Conselho de Segurança da ONU para forçar a adoção de uma resolução que seria o prelúdio de uma “intervenção humanitária”.

No último dia 23 de janeiro, o deputado oposicionista Juan Guaidó se autoproclamou presidente da Venezuela. Desde então, dezenas de países, incluindo Brasil e Estados Unidos, não reconhecem mais Nicolás Maduro como presidente daquela nação.

Em discurso na Flórida nesta segunda-feira (18), o presidente Donald Trump advertiu os militares venezuelanos sobre o risco “às suas vidas e ao seu futuro” caso continuem apoiando Nicolás Maduro.

“Não encontrarão refúgio, nenhuma saída fácil, porque não haverá saída”, ameaçou em discurso na Universidade Internacional da Flórida, nos arredores de Miami. “Perderão tudo”, afirmou.

A estratégia inicial de Donald Trump visa aniquilar o governo de Nicolás Maduro de dentro para fora, provocando divisões entre as Forças Armadas venezuelanas. O presidente dos EUA chegou a prometer “anistia” aos militares venezuelanos que abandonarem Maduro.

Rússia reage

O ministro de Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, disse nesta quarta (20/02) que as ameaças do governo dos Estados Unidos, dirigidas a militares da Venezuela, são uma “ingerência direta nos assuntos internos“ do país sul-americano e violam a Carta da Organização das Nações Unidas (ONU).

“As ameaças dos EUA, apoiadas e impulsionadas pela oposição venezuelana, que, de fato, pede diretamente uma intervenção externa, sem dúvida alguma constituem uma violação da Carta da ONU e uma ingerência direta nos assuntos internos de um país independente”, disse, durante entrevista coletiva à imprensa em Moscou.

Para Breno Altman, editor do Opera Mundi — site brasileiro especializado no noticiário internacional –, a possibilidade de um ataque militar dos EUA contra a Venezuela é cada vez mais real. Ouça o que ele diz:

Nesta quinta-feira (21), o presidente Nicolás Maduro anunciou o fechamento da fronteira entre Venezuela e Brasil. “A partir das 20h de hoje, quinta-feira, 21 de fevereiro, fica fechada total e absolutamente até novo aviso, a fronteira com o Brasil”, afirmou Maduro. “Vale mais prevenir do que lamentar.”

Ainda nesta quinta, o governo americano anunciou que o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, viajará para a Colômbia para reforçar o apoio do governo de Donald Trump a Guaidó, em sua disputa de poder com Maduro.

“O vice-presidente declarará claramente que chegou a hora de Nicolás Maduro se afastar”, afirma a assessoria de Pence em um comunicado.

Um ataque militar dos EUA à Venezuela poderia desencadear consequências geopolíticas imensuráveis, já que China e Rússia são países aliados do governo Nicolás Maduro.

Dmitry Polyansky, representante da Rússia na ONU, afirma que os EUA “preparam uma provocação” agendada para o próximo dia 23 de fevereiro na fronteira da Colômbia com a Venezuela, sob a justificativa de entregar “ajuda humanitária”.

Democracia ou petróleo?

Em seus discursos recentes contra Nicolás Maduro, Donald Trump e porta-vozes do governo dos EUA garantem que uma ofensiva militar contra a Venezuela teria como pretexto “restaurar a democracia” no país sul-americano.

Analistas internacionais rechaçam essa tese e acreditam que o petróleo venezuelano é o objetivo final. A Venezuela é, hoje, o país que detém a maior reserva de petróleo do mundo.

Em recente entrevista ao jornal mexicano La Jornada, Nicolás Maduro disse que a Venezuela se transformará em um Vietnã caso seja atacada pelos EUA.

Confira trechos:

Eu acredito que o governo dos Estados Unidos está entrando em uma fase de muito desespero e está cada vez mais perigoso. Então a consciência solidária do mundo, das pessoas que querem paz, que querem impedir que um novo Vietnã aconteça, desta vez na América do Sul, é muito importante. A Venezuela se tornaria um Vietnã se um dia Donald Trump mandasse o exército dos Estados Unidos nos atacar.

A Venezuela está moralmente preparada para rejeitar as ameaças do uso da força. E nós, nossa Força Armada Nacional Bolivariana, nossa cidade bolivariana, nosso sistema de armas e nosso povo, uma união cívico-militar, estamos preparados a partir do conceito de guerra de todo o povo, de guerra de resistência, para dar uma resposta contundente a qualquer possibilidade de ataque militar.

Mas esperamos que nunca aconteça. Esperamos que se imponha a verdade da Venezuela, a via diplomática, e que a consciência de paz do povo dos Estados Unidos vença a vontade e a loucura de Donald Trump. Esperamos que reine a paz. Mas, enquanto isso, nos preparamos para defender nossa terra sagrada, como todo mundo defenderia.

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