Veículos de comunicação alinhados ao atual presidente elogiaram rapidamente a demissão do ministro que usou laranjas em sua campanha, mas precisaram fazer contorcionismo após o governo revelar que se tratava de uma falsa demissão
Sites apoiadores do governo Bolsonaro, como O Antagonista e Jornal da Cidade Online — este último reconhecido por disseminar fake news –, apressaram-se para elogiar a demissão do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL/MG).
Reportagem da Folha de S.Paulo revelou que o ministro patrocinou um esquema de candidaturas “laranjas” em Minas Gerais para desviar verbas públicas.
“Ministro suspeito é imediatamente demitido por Bolsonaro”, elogiou o Jornal da Cidade. Enquanto O Antagonista estampou: “Exonerado”.
Na verdade, Marcelo foi exonerado na quarta-feira (6) apenas para tomar posse no cargo de deputado. Ele era o único parlamentar eleito que ainda não havia tomado posse. Estava em licença médica, segundo a assessoria. Na quinta-feira, Marcelo Antônio voltou a ser nomeado ministro do Turismo por Jair Bolsonaro.
Depois da gafe, os veículos que deram a entender que o governo era ‘linha dura’ por ter demitido um ministro denunciado precisaram refazer suas manchetes.
Laranjas
A reportagem da Folha apurou que Marcelo Antônio (PSL) usou quatro candidaturas de mulheres para direcionar verbas públicas de campanha para empresas ligadas a seus assessores. O parlamentar foi o deputado federal mais votado em 2018 em Minas Gerais, onde presidia a legenda no estado.
Apesar de figurarem entre os 20 candidatos do PSL que mais receberam dinheiro público na campanha, as quatro mulheres tiveram menos de 2.000 votos (somando-se todas as candidaturas), em um indicativo de pouco empenho na busca de eleitores.
Segundo o jornal, dos 279 mil reais repassados, ao menos 85 mil reais foram depois destinados a contas de quatro empresas pertencentes a assessores, parentes ou sócios de assessores do ministro de Jair Bolsonaro.
As candidatas declararam ter gasto todo o valor que receberam nas campanhas, apesar das votações baixas. A reportagem da Folha de S. Paulo, porém, encontrou registros de que o dinheiro foi encaminhado a empresas de comunicação ou uma gráfica.
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