Gabriela Hardt transforma Leo Pinheiro em duas pessoas na condenação de Lula
Gafe ou má-fé? Sentença de Lula proferida pela juíza Gabriela Hardt ignora que Leo Pinheiro e José Aldemário são uma só pessoa
A sentença que condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a 12 anos e 11 meses de prisão no processo relacionado a um sítio em Atibaia, interior de São Paulo, apresenta um equívoco grave ao se referir a um delator.
A juíza Gabriela Hardt, substituta de Sérgio Moro na condução dos processos Lava Jato na Justiça Federal em Curitiba, menciona Léo Pinheiro e José Aldemário como pessoas distintas em parte de sua decisão.
“Embora a defesa de Luiz Inácio Lula da Silva tente diminuir a credibilidade dos depoimentos prestados por colaboradores e pelos co-réus Léo Pinheiro e José Aldemário […]”, diz o texto, na página 116.
Em contradição com este trecho, outros fragmentos da sentença colocam os nomes do delator como sinônimos. Leo Pinheiro é o apelido pelo qual é conhecido José Aldemário Pinheiro Filho, empreiteiro da OAS.
O depoimento de Leo Pinheiro, que inicialmente inocentava Lula, é considerado o principal elemento para a condenação de Lula. Pinheiro modificou sua versão dos fatos após conseguir viabilizar um acordo de delação premiada.
Entenda AQUI os fatores que fizeram Leo Pinheiro MUDAR seu DEPOIMENTO.
A condenação
Juristas observaram que a sentença de Gabriela Hardt contra Lula não apresentou nenhuma prova concreta e baseou-se unicamente em suposições a partir de delações e e-mails confusos.
Para a juíza, não há dúvidas de que a OAS, por ordem de Léo Pinheiro, atendendo a pedido do ex-presidente, foi a responsável pela execução e custeio da reforma da cozinha do sítio de Atibaia em 2014.
“Há ainda indícios de outras obras realizadas no mesmo imóvel pela empreiteira, mas que não serão abordadas pelos limites da denúncia”, afirma a magistrada.
A juíza afirma que foram executadas diversas benfeitorias, mas consta da denúncia somente o valor pago à empresa Kitchens, no valor de R$ 170 mil.
Gabriela Hardt também cita e-mails entregues por Marcelo Odebrecht como “elementos” que comprovaria a culpa de Lula. As mensagens indicariam, segundo a juíza, a “relação espúria mantida entre Odebrecht e o Partido dos Trabalhadores”.
Gabriela Hardt
Com família formada em Indaial, em Santa Catarina, a genealogia remonta à elite política do município: seu bisavô, Frederico Hardt, foi o primeiro prefeito, pela Aliança Liberal, entre os anos de 1934 e 1941; Alfredo Hardt foi prefeito entre 1961 e 1966; e o tio, Frederico João Hardt, foi prefeito entre 1993 e 1996, pelo MDB.
Nos anos 1920, seu bisavô iniciou a construção da Firma Frederico Hardt, que começou na condição fábrica de laticínios pioneira na região. Nos anos 1940, expandiu o mercado para comercialização de outros gêneros alimentícios, ferragens, louças, tecidos, e confecções.
Desde os anos 1970, a família é dona da Hardt Confecções e das Lojas Hardt, uma rede de lojas de departamento, com mais de 150 trabalhadores, também espalhadas em Timbó e Blumenau, municípios de Santa Catarina.
Michelle Bolsonaro
No fim de dezembro de 2018, a primeira-dama Michelle Bolsonaro, esposa do presidente Jair Bolsonaro, em desembarque no município de Itacuruçá, foi vista trajando uma camiseta com a frase: “Se começar nesse tom comigo, a gente vai ter problema”, fazendo referência a uma frase da juíza Gabriela Hardt a Lula, no depoimento.