Homem que não aceitava fim do casamento joga água fervendo nas partes íntimas da ex-esposa diante das três filhas. A vítima será avaliada por cirurgião plástico e as crianças estão recebendo acompanhamento psicológico
Uma mulher ficou internada durante 13 dias após ser atacada por seu ex-companheiro no município de Sena Madureira, interior do Acre. Jessé Nogueira jogou água fervendo nas partes íntimas de Agerlândia Miranda, de 25 anos. Ele não aceitava o fim do casamento.
O crime aconteceu no dia 12 de fevereiro, mas o homem só foi preso no dia 24 — depois que o caso ganhou as manchetes dos portais de notícias. A vítima recebeu alta médica na última segunda-feira (25), mas ainda será avaliada por um cirurgião plástico.
“Estou muito angustiada com tudo que aconteceu. Tem horas que não consigo acreditar que isso tudo aconteceu”, disse a jovem, que permanece muito abalada.
Agerlândia é mãe de três meninas, que foram morar temporariamente com a avó por conta do estado de saúde da mãe. Todas as crianças estão passando por acompanhamento psicológico, já que o crime foi cometido diante delas. O serviço é prestado pelo Centro de Atendimento à Vítima (CAV) do Ministério Público do Acre (MP-AC).
Jessé Nogueira passou mais de dez dias foragido. Ao ser preso, ele alegou que tudo não passou de um acidente. Em depoimento, o agressor disse que a companheira estava lhe agredindo no momento em que ele estava com a leiteira quente na mão.
Agerlândia nega que isso tenha acontecido e diz ainda que o agressor escolheu o local onde jogaria a água fervendo. Ele responde por lesão corporal grave e está preso no Presídio Evaristo de Moraes, em Sena Madureira.
O crime
Jessé Nogueira não trabalha e Agerlândia arcava com todos os gastos da casa. Um dia antes do crime, a mulher decidiu dar um ponto final na relação porque as brigas eram constantes entre o casal.
“Um dia antes, eu disse que queria terminar o relacionamento. Expliquei meus motivos e disse que para pagar as contas que tínhamos, eu iria trabalhar também à noite. Fui à uma lanchonete trabalhar como atendente e, na volta, parei na casa de um amigo. Ele foi até lá, perguntou que horas eu voltaria para casa e me ameaçou”, conta a mulher.
Com medo do que o homem poderia fazer com suas três filhas (ele é pai apenas da mais nova, as outras duas são de um relacionamento anterior), Agerlândia voltou para casa por conta da ameaça.
No dia 12 de fevereiro, a mulher seguiu sua rotina normalmente. Saiu para trabalhar e perto do almoço foi surpreendida pela ligação da filha mais velha informando que Nogueira havia saído com a bebê de dois anos e que as outras meninas não teriam o que almoçar. Ela, então, voltou para casa.
Os dois se encontraram em casa e logo começaram a discutir. Toda a briga aconteceu na frente das crianças, que pediam ajuda sem sucesso.
“Eu disse que ele tinha que sair de casa porque ele vivia às minhas custas. Ele me empurrou, veio para cima de mim, segurei no pescoço dele e minhas filhas começaram a gritar desesperadas”, conta.
Ao chegar na casa, Agerlândia disse que viu a leiteira no fogo, mas não imaginava que seria para machucá-la.
“Fiquei sem saber qual das minhas filhas eu ia acudir. Até que vi ele se aproximando com a leiteira fumaçando, me afastei e coloquei a minha mão para tentar me defender, mas ele escolheu o local para jogar a água fervendo. Ele jogou, tentei me defender de novo e ele jogou mais água”, relembra emocionada.
Desespero e covardia
As filhas de Agerlândia entraram em desespero e Jessé Nogueira conseguiu fugir, enquanto ela e as duas crianças (de 9 e 10 anos) seguiam para o banheiro e jogavam água fria para tentar amenizar as queimaduras, que atingiram as partes íntimas da mulher.
“Eu não aguentava mais de dor. Fui tomar banho e o pior de tudo é saber que isso foi na frente das minhas filhas, que ficavam dizendo que eu ia morrer”, lamenta.
O avô materno das meninas, Aldemir Miranda, de 45 anos, foi a primeiro a chegar no local do crime após ser contactado pelas netas. Revoltado, ele diz que espera que a Justiça seja feita.
“Uma pessoa ver a filha queimada, na situação que eu vi, se tremendo toda, o couro caindo. Não é todo pai que aguenta ver o que vi. O que ele fez foi uma covardia. Aquilo não é coisa que se faça com uma mulher”, desabafou o homem.
Agerlândia disse que já havia sido agredida por Nogueira quando estava grávida da filha mais nova, mas não teve coragem de contar para a família.
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