Jornalista brasileira na Venezuela derruba mitos e manipulações
"O verdadeiro problema da Venezuela é a carestia". Vídeo: nesta segunda-feira, 25 de fevereiro, jornalista brasileira andou pelas ruas, shoppings, metrô e supermercados de Caracas para mostrar o que realmente se passa neste momento no país
Dois dias depois dos confrontos nas fronteiras da Venezuela com Colômbia e Brasil, a jornalista Laura Capriglione, do coletivo Jornalistas Livres, caminhou pelas ruas da capital Caracas para revelar o que se passa no dia a dia da população venezuelana.
Como mostrou a jornalista, a realidade da Venezuela é muito diferente do que as mídias corporativas do Brasil e dos Estados Unidos tentam vender.
“Curiosamente, pelas ruas não se veem as pessoas jogadas, como em São Paulo, nem tampouco chafurdando nos lixos. Nem crianças seminuas, nariz escorrendo, sem esperança, na vala do desespero. Isso tem a ver com a construção de 3,5 milhões de casas pelo programa Missão Vivenda (o Minha Casa, Minha Vida deles), e com a solidariedade popular”, assinala Laura.
Embora haja uma crise econômica e política, a Venezuela “não atravessa uma crise humanitária”, como já havia afirmado um representante da ONU na última semana.
Assista ao vídeo e, em seguida, leia o texto de Laura Capriglione.
VÍDEO:
por Laura Capriglione*
Percorremos o centro de Caracas, capital da Venezuela, nesta segunda-feira, 25 de fevereiro. Vida normal. Escolas funcionando, comércio funcionando, ônibus e metrô operando.
Não há enfrentamentos nas ruas, situação e oposição expressam-se livremente nas conversas no metrô, no bar ou na frente do mercado central. Vê-se pouca polícia andando pelas calçadas ou em viaturas –é muito menos do que em qualquer grande cidade brasileira.
Nada se vê que remeta –inda que remotamente — à ideia de uma Ditadura, como gosta de acusar a grande imprensa brasileira, irresponsavelmente…
Também não há desabastecimento na cidade. Supermercados apresentam variedade de gêneros e as gôndolas estao cheias. Nas farmácias, as prateleiras com produtos de higiene, beleza e limpeza estão bem supridas.
O problema são os preços das coisas. A Venezuela sofre com uma carestia gravíssima. Enquanto o salário minimo mensal está fixado em 18.000 bolívares (R$ 20), apenas um quilo de açúcar custa 12.000 bolívares ou R$ 13 no supermercado.
O resultado é que poucos venezuelanos podem dar-se ao luxo de ter apenas uma fonte de renda. É o trabalho e um bico; o bico e um parente no exterior enviando dinheiro de fora… O próprio governo admite que este é o seu ponto fraco.
Curiosamente, pelas ruas não se veem as pessoas jogadas, como em São Paulo, nem tampouco chafurdando nos lixos. Nem crianças seminuas, nariz escorrendo, sem esperança, na vala do desespero. Isso tem a ver com a construção de 3,5 milhões de casas pelo programa Missão Vivenda (o Minha Casa, Minha Vida deles), e com a solidariedade popular.
*Laura Capriglione trabalhou como repórter especial do jornal “Folha de S.Paulo” entre 2004 e 2013; dirigiu o Notícias Populares (SP), foi diretora de novos projetos na Editora Abril e trabalhou na revista “Veja”. Conquistou o Prêmio Esso de Reportagem 1994, com a matéria “Mulher, a grande mudança no Brasil”, em parceria com Dorrit Harazim e Laura Greenhalgh. Foi editora-executiva da revista até 2000