Saúde

Mulher que ajudou em acidente de Boechat luta contra doença rara

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A coragem de Leiliane na cena da tragédia contrastou com a apatia de diversos homens, que apenas observavam ou faziam registros fotográficos. O que ninguém sabia é que ela sofre de uma doença rara e também luta pela vida

Ilustrador Angelo France fez desenho de Leiliane

A vendedora Leiliane Rafael da Silva, 28, ganhou destaque na imprensa após ser flagrada arriscando a própria vida para ajudar a retirar das ferragens o motorista do caminhão que colidiu com o helicóptero que levava o jornalista Ricardo Boechat.

A coragem da mulher contrastava com a apatia de diversos homens que apenas observavam a cena e até faziam registros fotográficos e vídeos. Leiliane acabou sendo inspiração para o artista Angelo France, cuja ilustração sobre a vendedora viralizou nas redes sociais (veja aqui).

Leiliane precisou dar muitas entrevistas após a tragédia e é considerada pela polícia uma das principais testemunhas do episódio. O que muita gente não sabia é que aquela mulher forte sofre de uma doença rara e também luta para sobreviver.

Leiliane recebeu o diagnóstico de Malformação Arteriovenosa (MAV) em novembro do ano passado, pouco mais de um mês após dar à luz Livia, hoje com 4 meses. “O primeiro hospital chegou a chamar minha família e falar que eu tinha um tumor cerebral maligno e que eu não tinha chance de vida.”

As malformações arteriovenosas (MAVs) são uma doença rara, provocada por defeitos no sistema circulatório, uma anormalidade vascular, que atinge principalmente o cérebro. Os sintomas mais comuns são dor de cabeça crônica, tontura, convulsões, hemorragia, perda da coordenação motora e até perda de memória.

A doença pode ser tratada com cirurgia transcraniana; tratamento endovascular por cateterismo e radiocirurgia — radiação que atinge exclusivamente o tecido cerebral doente.

“Já tinha tido minha filha e, em novembro, comecei a sentir que estava doente. Começou a adormecer o braço direito, depois a perna direita, depois a voz começou a ficar enrolada, até eu ter a convulsão e ir parar no hospital. Ninguém sabia o que eu tinha”, disse ela em entrevista ao G1.

Leiliane define a si mesma como “ligada no 220 V” e disse que pretende viver muito ainda. “Não vou morrer agora, não vou mesmo. Tenho 28 anos e se as veias não estouraram até agora, não vai estourar mais. Quero viver, quero ver meus filhos crescerem, quero ver netos. Tenho de durar muito tempo, pelos menos até uns 70 anos”.

Tratamento

Depois de ficar conhecida nacionalmente pela força e coragem, Leiliane vai ganhar acompanhamento de um médico especializado. Um neurocirurgião que tomou conhecimento da sua doença a procurou e se ofereceu para fazer o tratamento e a cirurgia.

Nas redes sociais, Leiliane agradeceu todo o carinho que tem recebido nos últimos dias. Em uma das postagens, ela dispensou o título de heroína. “Não fiz mais do que minha obrigação como ser humano de ajudar o próximo”, disse.

Tragédia

A aeronave na qual estava o jornalista Ricardo Boechat fez um pouso de emergência na última segunda-feira (11/2) e foi atingida por um caminhão no Rodoanel, região norte da cidade de São Paulo.

A explosão, segundo o capitão Paiva, da Polícia Militar de São Paulo, foi resultado da colisão após a tentativa de pouso. Além de Boechat, o piloto do helicóptero, Ronaldo Quattrucci, morreu no acidente. O motorista do caminhão ficou ferido.

A morte do âncora da Band News causou comoção no país e no mundo. Políticos, artistas, colegas de profissão e o público em geral lamentaram a partida de Boechat.

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