Viralizou na internet o depoimento do médico oncologista que atendeu Genival Inácio da Silva, o Vavá, até sua morte, na última quarta-feira. É um relato que deveria cobrir de vergonha parte das autoridades brasileiras
por Jorge Abissamra, via Facebook
(Morre Vavá, meu paciente e coincidentemente irmão de Lula)
Nesses últimos dias tive um paciente ilustre, seu Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão de Lula.
O atendia no SUS, senhor sempre simpático, com vestes simples, humilde e acompanhado sempre de sua adorável filha Andreia.
Ele nunca me disse que era irmão do ex-presidente mas todos obviamente sabíamos.
Já muito debilitado pela doença avançada, sem uma das pernas amputadas pela câncer, Vavá parecia dar de ombros pela situação que o acometia.
Sempre tinha um sorriso no rosto e um olhar alegre pra transmitir.
Fui talvez umas das primeiras pessoas a saber de seu falecimento e na hora me veio uma pergunta. E agora? Será que vão deixar Lula vir vê-lo?
Não sabia como funcionava a legislação brasileira sobre o tema.
Pois bem, fui atrás e descobri que só em 2018 185 mil presos saíram pra ir a enterro de parentes no Brasil. Isso mesmo, 185 mil.
Como havia sido convidado pelo família, fui ao velório em respeito a meu paciente e sua filha e lá vi tamanha consternação de seu famoso irmão não estar presente.
Me fica uma dúvida. Independente de minha opinião política sobre Lula e independente da de qualquer um, fiz meu papel de médico com o maior carinho, profissionalismo e dedicação possível.
VEJA TAMBÉM: Texto de procurador sobre velório do irmão de Lula conquista as redes
Não será que deveria também ser esse o papel do judiciário? Se 185 mil custodiados no último ano puderam participar de homenagens aos seus entes falecidos por que não Lula?
Me amedronta quando a justiça parece não fazer justiça e soa como se estivesse fazendo vingança. Como médico e defensor da vida não podia deixar de fazer esse relato.
A Lei é pra todos.
Siga-nos no Instagram | Twitter | Facebook