Mulher que relatou laranjal do PSL está com medo e pede proteção
Professora que denunciou o esquema de laranjas do PSL está com medo e pete proteção: "temo pela minha vida e pela vida do meu filho". Até agora, Sergio Moro permanece em silêncio
Daniel Trevisan, DCM
A aposentada Cleuzenir Barbosa, que denunciou o esquema de laranja em Minas Gerais, está com medo e pede proteção.
Em entrevista à rádio CBN nesta manhã, disse:
“Eu preciso ainda de ouvir do Ministro da Justiça o tão falado apoio às vítimas que ele daria, o tão falado apoio às vítimas aí no Brasil, vítima denunciante, que fala né. Eu tenho um filho só, meu filho vai fazer 17 anos, pela minha vida e a vida do meu filho. No caso da política, quando a vítima denuncia, a vítima não tem segurança alguma. Hoje em dia o deputado circula, deputado que hoje é ministro , circula naturalmente em Brasília e a pessoa que é vítima tem que dar um jeito de desaparecer. Eu não tenho condições pra me manter aqui, minha manutenção aqui tem sido muito complicada.”
Sergio Moro ainda não respondeu, mas o medo dela é plenamente justificado.
Cleuzenir foi viver em Portugal depois da denúncia ao Ministério Público e Polícia Militar de Minas Gerais, aos quais entregou áudios e fotos que provariam a pressão que sofreu para lavar dinheiro recebido do Fundo Partidário.
Isto é, receberia e repassaria, o que faria dela um canal de lavagem.
Ela cita Marcelo Álvaro Antônio, ministro do Turismo, como uma das pessoas às quais teria tentado relatar o esquema. Mas não foi ouvida.
É enigmática ao falar se também procurou Gustavo Bebianno, na época o presidente nacional do PSL.
A repórter perguntou se ela o procurou.
“Possivelmente.”
Disse também que, ao falar do tema com um dos assessores de Marcelo Álvaro Antônio, este colocou um revólver sobre a mesa.
“Ameaça ficou clara. Quando eu decidi que eu não participaria do esquema, de cara eles em excluíram do grupo de candidatos. De cara pararam de falar comigo e cortaram todos os meus contatos com o deputado Marcelo Álvaro. Ligava para o gabinete de Brasília, ligava para Belo Horizonte, mandava mensagem no privado, ligava para todos os assessores dele e ninguém colocava eu pra falar com eles, pra eu contar a história do que estava se passando e para eu estar com ele. Então, a partir desse momento aí, pra mim, é ameaça. Tipo, você falou demais e vai sofrer por isso, né?”, afirmou
Marcelo Álvaro Antônio negou as acusações e afirmou que Cleuzenir foi aposentada por “distúrbios psiquiátricos incapacitantes”.
Ela deu outra versão. Teria se aposentado por artrite reumatoide, uma doença que faz o paciente sentir dores o tempo todo.
Alvo de uma campanha difamatória, Cleuzenir também foi acusada pelo ministro de repassar dinheiro da campanha a seu marido, irmão e sobrinhos.
Ela disse que informou na sua prestação de contas à Justiça eleitoral que pagou 4 mil reais a um irmão, que trabalhou na campanha.
Estranho que, já que sabia de tudo isso, o ministro não tenha tomado providência quando os fatos ocorreram. Afinal, ele era o presidente estadual do partido em Minas Gerais.
Cleuzenir agiu diferente.
Procurou as autoridades e entregou o que tinha.
Deixou de ser arquivo, mas, ainda assim, corre risco.
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Ainda que não sofra um atentado físico, já se tornou alvo de uma tentativa de assassinato de reputação.
A polícia deveria dar uma resposta rápida, tanto para o caso dos laranjas quanto para as denúncias de ameaça.
O Brasil hoje não é um país seguro para quem confronta o poder que colocou Bolsonaro na presidência.