Foi de caso pensado que o presidente da República apresentou-se "aos trapos" para a foto oficial ao lado da equipe que definiu a Reforma da Previdência. Até eleitores de Bolsonaro criticaram a vestimenta
Não foi por acaso que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) posou ao lado de ministros e funcionários com uma vestimenta nada usual para um chefe de estado.
O registro fotográfico (ver acima) aconteceu logo após a reunião que definiu o texto da Reforma da Previdência. De braços cruzados, Bolsonaro usa um terno que esconde uma camiseta verde. Ele está de chinelos e usa uma espécie de calça-pijama.
A vestimenta do presidente da República é a única que destoa na imagem, já que os demais membros da equipe usam trajes considerados normais para membros do alto escalão do executivo federal.
Com o governo assolado por uma crise que pode acarretar na derrubada do ministro Gustavo Bebianno (PSL), o presidente decidiu trazer os holofotes para si.
De uma só vez, Bolsonaro tenta passar a imagem de homem simples, do povo, ao mesmo tempo em que tira o foco das discussões acerca do mérito do texto da Reforma da Previdência e das denúncias envolvendo os laranjas do PSL.
Dentro do ambiente familiar, Bolsonaro ainda precisará encarar as investigações do Ministério Público contra o seu filho mais velho, Flávio Bolsonaro (PSL), por movimentações financeiras atípicas e ligações com milicianos.
A imagem de Bolsonaro “aos trapos” não despertou tanto alarde na grande imprensa como nas redes sociais. Até mesmo apoiadores do presidente demonstraram certo desconforto.
Nas redes
“Votei no Bolsonaro e sigo apoiando o seu governo, acredito ser ele o melhor para o Brasil neste momento. Isso não significa que eu concorde que ele se vista igual a um Pepe Mujica para parecer ser popular. Nunca fez isso durante décadas na Câmara dos Deputados, por que está fazendo agora?”, questionou um eleitor.
Outro apoiador rebateu: “Pobre corrupto como o Lula ia aparecer coberto de ouro e rolex. Quem é humilde e defensor dos pobres de verdade anda de chinelão raider igual ao mito”
Opositores do presidente também comentaram a polêmica imagem. “O chinelo menor que o pé, o terno de defunto e os braços cruzados. Para os ingênuos, ele quer mostrar que são iguais. Não precisa ser jeca, tem de parecer o próprio”, escreveu uma internauta.
“Por que? Bem, fiquemos felizes, pois ele podia estar usando um crock laranja. Não, ele não é ‘simplão’. Gente simples geralmente se apresenta com dignidade, mesmo tendo pouco dinheiro são cuidadosos”, publicou uma opositora.
“Bolsonaro em foto para a posteridade, depois de bater o martelo tirando a aposentadoria do pobre trabalhador brasileiro. Entendam a mensagem originalíssima que ele quis passar”, observou outra usuária.
“Já imaginaram se o Lula aparecesse assim no Palácio do Planalto em uma reunião super importante? ‘Bêbado’, ‘deselegante’, ‘incapaz’ seriam os xingamentos mais suaves”, pontuou um internauta.
Na mídia
Ricardo Noblat, apoiador de primeira hora do atual governo e colunista da revista Veja, escreveu: “Que presidente é este que veste camisa falsificada de um time e posa no palácio onde mora como um indigente?”
Kiko Nogueira, editor do DCM, foi além:
“Bolsonaro aparece vestido como uma bexiga de salame à frente de um painel de Di Cavalcanti. A ideia é parecer um homem do povo, coisa do manual básico do populista sul americano. É demagogia primária. Truque sujo e barato para enganar os trouxas que acreditam ou fingem acreditar em sua “simplicidade”.
A foto é reveladora do caráter e do estilo de Jair — não no sentido da humildade, mas do absoluto descompromisso com a liturgia do cargo, do desequilíbrio e do despreparo.
Aquele molambo rico de chinelo Rider e camiseta pirata do Palmeiras sob o blazer é o mesmo que governa o país pelo Twitter com um filho descompensado.”
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