Deputada Tabata Amaral decepciona apoiadores após defender a "ajuda humanitária" patrocinada pelos EUA na Venezuela. Outros seguidores defenderam a jovem
Rafael Bruza, Independente
A deputada federal Tabata Amaral (PDT-SP) gerou polêmica no Facebook no último domingo (24) ao defender em um post de sua página o envio de ajuda humanitária a venezuelanos, por parte dos Estados Unidos e outros países.
“A crise na Venezuela é política e humanitária. Os governantes não podem, para fazer valer a ideologia que os elegeu, prejudicar o povo. Nossos vizinhos carecem de tudo, de alimentos a medicamentos, além de terem perdido a normalidade da vida. Que a ajuda humanitária chegue a quem precisa sem conflitos. Minha solidariedade aos venezuelanos e aos brasileiros que moram na fronteira e também estão sofrendo”, disse a deputada.
Centenas de seguidores apoiaram a posição de Tabata, mas os comentários mais curtidos da publicação são exclusivamente críticos.
“Tabata não seria muito inocente de sua parte defender a ‘ajuda humanitária’ e não esclarecer o povo que te elegeu que uns dos principais problemas do desabastecimento na Venezuela é o embargo econômico do tio San?” questiona o internauta José Artur paixão, que teve o comentário mais curtido.
“Que decepção Tábata, discurso fraco. Você acredita mesmo nesse papo de ajuda humanitária vinda dos EUA?”, disse Renan Silva, que teve o segundo comentário mais curtido da publicação.
Contexto
No sábado (23), a oposição venezuelana tentou fazer entrar na Venezuela, a partir do Brasil e da Colômbia, a chamada ajuda humanitária que inclui medicamentos e alimentos dos EUA e outros países. As autoridades venezuelanas rejeitaram as entregas de ajuda patrocinada pelos EUA e afirmou que as declarações sobre a crise humanitária se destinam a justificar a invasão da Venezuela.
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A crise na Venezuela se agravou em 23 de janeiro, quando o líder da oposição, Juan Guaidó, se declarou presidente interino. Ele foi quase imediatamente reconhecido pelos Estados Unidos e alguns outros países. Rússia, China e México, entre outras nações, manifestaram seu apoio a Maduro, que por sua vez acusa Washington de tentar orquestrar um golpe.
Apoio a Guaidó no Instagram
No Instagram, a deputada compartilhou post do movimento Acredito, do qual faz parte, que reconhece Juan Guaidó como presidente da Venezuela.
Novamente foi criticada por seguidores. O comentário mais curtido da publicação diz que Tabata apoiou um “Golpe de Estado”. A segunda internauta que teve o comentário mais curtido se disse “decepcionada”.
“Se vocês defendem a democracia, como podem defender que a presidência seja assumida por um político que se AUTODECLAROU presidente, sem eleição, sem apoio da população (…). O nome disse é golpe. Apoiar Guaidó é apoiar um golpe”, disse a internauta que teve o post mais curtido.
Novo posicionamento
Na segunda-feira (25), Tabata comentou novamente o assunto em seu Facebook, desta vez criticando a posição do Governo Bolsonaro em relação á Venezuela.
“O cotidiano de escassez e insegurança faz da população venezuelana a vítima principal do conflito que acompanhamos com pesar. A crise que presenciamos não pode, contudo, ser desculpa para o desrespeito à soberania da Venezuela, com o Brasil rasgando os tratados de paz. O artigo 4 da nossa Constituição prega que sigamos nas relações internacionais os princípios de autodeterminação dos povos, prevalência dos direitos humanos e não-intervenção. Novas eleições – limpas – são o único caminho aceitável e possível para a dignidade da #Venezuela”, disse a deputada.
No entanto, o post novamente dividiu os seguidores de Tabata.
“Eu tava tendo esperança de novo… até a frase final. Eleições de novo? Pra que? Órgãos internacionais acompanharam o último processo eleitoral (a pedido da situação!). Nada irregular foi constatado! Maduro tem a população venezuelana do seu lado e ponto. Isso tem q ser respeitado!”, disse o internauta Stefan Uebelhart, no comentário mais curtido do post.
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Sobre Tabata
Eleita pelo PDT, partido de Ciro Gomes, com mais de 264 mil votos, Tabata do Amaral foi uma das candidatas auxiliadas pela Fundação Estudar, criada pelo empresário e investidor, Jorge Paulo Lehman, um dos homens mais ricos do país. A deputada também faz parte do movimento suprapartidário, Renova Brasil.
Ela tem 25 anos, é graduada em Ciências Políticas e Astrofísica pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e tem reconhecimento por sua atuação na área de educação.
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