Venezuela impede entrada de "ajuda humanitária" dos EUA
Venezuela bloqueia entrada de 'ajuda humanitária' na fronteira com a Colômbia. Envio é considerado inconstitucional e um pretexto para uma intervenção militar dos EUA
Os militares do governo de Nicolás Maduro criaram uma barreira com um caminhão tanque e contêineres na ponte internacional Las Tienditas, que liga a cidade colombiana de Cúcuta à Ureña, na Venezuela, para evitar a entrada de ajuda humanitária vinda dos Estados Unidos.
A entrada de ajuda humanitária no país foi negociada e aprovada pelo autoproclamado presidente interino, o opositor Juan Guaidó, cuja tentativa de golpe de Estado foi reconhecida por 40 países.
No entanto, Maduro e o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) recusam a ajuda. Segundo o presidente reeleito da Venezuela, a medida está totalmente contra a Constituição do país e não passa de um pretexto para o governo de Donald Trump realizar uma intervenção militar no país.
A medida adotada pelo governo venezuelano foi criticada pelo secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, que insistiu para o líder chavista autorizar a entrada de suprimentos para o “povo faminto”.
“O povo venezuelano precisa desesperadamente de ajuda humanitária. Os Estados Unidos e outros países estão tentando ajudar, mas o Exército da Venezuela, sob as ordens de Maduro, está bloqueando a ajuda com caminhões e navios-tanque”, escreveu no Twitter o secretário de Estado.
Ajuda humanitária
Nesta terça-feira (05/02) a Assembleia Nacional da Venezuela, controlada por Guaidó, aprovou a entrada do primeiro lote de ajuda humanitária no país.
A decisão foi anunciada durante coletiva de imprensa pelo deputado Miguel Pizarro, presidente da Comissão Especial de Acompanhamento da Ajuda Humanitária. “O Legislativo é um ente de coordenação e de acompanhamento dessas doações de remédios e alimentos”, afirmou na ocasião.
Segundo o autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, “a ajuda humanitária não é uma esmola. É uma necessidade urgente do nosso país, de centenas de milhares de venezuelanos que não têm o que comer, não têm medicamentos”.
A decisão se opõe a Maduro, que afirmou que não aceitaria a entrada de ajuda porque seria um pretexto para uma intervenção militar dos Estados Unidos. Durante discurso após a decisão da Assembleia Nacional, o chefe de Estado venezuelano definiu como “falsa” as ajudas humanitárias ofertadas por diversos países, como os EUA e Colômbia, e ressaltou que seu país “não é mendigo”.
“Nós não somos mendigos de ninguém, podemos fazer isso com o esforço, o trabalho, a capacidade produtiva, ou você quer transformar o nosso país em uma colônia de escravos e mendigos?”, acrescentou Maduro.
Observadores internacionais garantem que a ‘ajuda humanitária’ enviada pelos EUA soa como hipocrisia, já que o país governado por Donald Trump congelou ativos internacionais da Venezuela e promove um embarco econômico contra a nação presidida por Nicolás Maduro.
Em entrevista à Telesur, o brasileiro Breno Altman falou sobre a “ajuda humanitária” dos EUA e a crise venezuelana:
Crise da Venezuela
No dia 23 de janeiro o deputado do partido oposicionista Voluntad Popular, Juan Guaidó, se autoproclamou presidente interino da Venezuela durante um comício onde foi simulado uma cerimônia de posse e um juramento.
Em uma tentativa de golpe de Estado, o parlamentar foi reconhecido por governos como o dos Estados Unidos, Brasil, Colômbia, Canadá, além de países da Europa.
Por sua vez, China, Rússia, alguns países da América Latina, além da Organização da Nações Unidas (ONU) e da Organização dos Estados Americanos (OEA) apoiam a legitimidade do governo Maduro.
O conselheiro nacional de segurança da Casa Branca, John Bolton, já manifestou que existe a possibilidade real de uma intervenção militar dos EUA na Venezuela.
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