Tragédia

Atiradores de Suzano viram heróis em fórum brasileiro de extremistas

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Fóruns disseminadores de ódio no Brasil celebram massacre na escola em Suzano e alçam atiradores ao posto de heróis. No entanto, alguns membros lamentaram o fato de os jovens não conseguirem ultrapassar o número de mortos do massacre de Realengo

Os atiradores Luiz Henrique de Castro, de 25 anos e Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos ganharam status de heróis nos fóruns brasileiros disseminadores de ódio. Os chamados ‘Chans’.

Nesta quarta-feira (13), os dois mataram 7 pessoas na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP). Um comerciante que trabalhava perto do local e era tio de um dos atiradores também foi assassinado. Luiz e Guilherme eram ex-alunos da escola.

Reportagem do portal R7 informou que Luiz Henrique e Guilherme integravam o Dogolachan, fórum que só é acessível na darknet. A matéria revela que os jovens recorreram ao fórum para pedir dicas de como executar o atentado na escola.

No dia 7 de março, um dos atiradores teria publicado um agradecimento ao administrador do fórum, conhecido como DPR. “Muito obrigado pelos conselhos e orientações, DPR. Esperamos do fundo dos nossos corações não cometer esse ato em vão”, diz trecho da mensagem.

Luiz Henrique era conhecido no fórum como “luhkrcher666” e Guilherme como “1guY-55chaN”. Todas as conversas entre os atiradores foram deletadas previamente ao atentado.

O fórum 55chan também celebrou o massacre em Suzano (SP). Assim como o Dogolachan, o espaço costuma criar conteúdo de ódio contra mulheres, negros, pobres e homossexuais.

Alguns membros dos chans chegaram a lamentar o fato de Luiz Henrique e Guilherme não terem conseguido assassinar mais pessoas que o autor do Massacre de Realengo, em 2011. Na época, Wellington Menezes de Oliveira matou 12 crianças e depois cometeu suicídio.

Operação da Polícia Federal

Em maio de 2018, a Operação Bravata da Polícia Federal tentou desmantelar o Dogolachan. Na ocasião, os policiais prenderam Marcelo Valle Silveira Mello, apontado como fundador do Chan (relembre aqui).

Em dezembro de 2018, Marcelo foi condenado a 41 anos de prisão. O analista de sistemas pregava há vários anos a morte de mulheres, negros, gays e comunistas. Além disso, o extremista defendia abertamente a pedofilia e chegou a gerenciar páginas que traziam manuais sobre como “aplicar estupros corretivos em lésbicas” e violentar menores de idade.

Na ocasião, a professora universitária e militante feminista Lola Aranovich, uma das principais vítimas de Marcelo, comemorou a decisão: “Vitória e grande alívio! Marcelo Valle Silveira Mello, líder de quadrilha neonazista e misógina que me atacou durante 7 anos, foi condenado a 41 anos de prisão! Estou muito feliz”.

A prisão de Marcelo só foi possível porque Lola Aranovich passou quase uma década denunciando todas as ações de ódio e ameaças cometidas pelos membros dos fóruns contra ela.

Foi do Dogolachan que partiram algumas das ameaças de morte que motivaram o ex-deputado Jean Wyllys (PSOL) a desistir do mandato de parlamentar e sair do Brasil. Membros do Chan são denunciados no Pragmatismo Político desde 2012.

Saiba mais sobre o Dogolachan aqui

1 ano e meio

Um policial que investiga o atentado afirmou no início da noite desta quarta-feira que o atentado contra a escola em Suzano foi planejado durante 1 ano e meio. Segundo o policial, os atiradores conversaram sobre o ataque por meio de mensagens de texto. O teor das conversas não foi informado.

Uma das linhas de investigação da Polícia Civil é a de que o tio de Guilherme tenha descoberto o plano da dupla e, por isso, os criminosos teriam feito uma “queima de arquivo”.

O carro usado pela dupla, um Onyx branco, foi alugado por Luiz Henrique, segundo nota da Localiza, em 21 de fevereiro, com devolução para o dia 15 deste mês. A polícia apreendeu dois cadernos escolares encontrados no carro, nos quais há desenhos. O material será analisado por investigadores.

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