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Mulheres violadas 19/Mar/2019 às 14:00 COMENTÁRIOS
Mulheres violadas

Budweiser corrige seus anúncios machistas da década de 50

Publicado em 19 Mar, 2019 às 14h00

Budweiser recria para 2019 seus anúncios machistas dos anos 50. Até anúncios onde um homem bate em uma mulher ou a usa como tapete de sala eram veiculados na chamada "era de ouro da publicidade"

Budweiser corrige seus anúncios machistas eua década de 50
Imagens: Divulgação Budweiser | Montagem: PP

A era de ouro da publicidade nos Estados Unidos, nos anos 1950, pavimentou o caminho do marketing nas décadas seguintes e se tornou icônica por revolucionar o modo como um produto era vendido aos consumidores. São dessa época aqueles famosos anúncios com ilustrações de homens e mulheres em seus lares no melhor estilo “american way of life” – estilo de ilustração que depois seria cooptado pela Pop Art de Andy Warhol e Roy Lichtenstein.

O problema é que os anos 1950 e 1960 da publicidade foram extremamente machistas, reproduzindo tipicamente o que era a sociedade daquele tempo. De frases como “Até uma mulher pode abrir isso?” até anúncios onde um homem bate em uma mulher ou a usa como tapete de sala, a publicidade vigente mostrava uma mulher submissa ao marido, obrigada a agradá-lo incondicionalmente entre suas inúmeras atribuições domésticas.

Essa época da publicidade, inclusive, foi belamente retratada na série de TV Mad Men (2007-2015), onde os “mad men” (os publicitários da Madison Avenue, em Nova York) criavam uma campanha genial atrás da outra entre um gole de uísque, uma tragada no cigarro sem filtro e um assédio sexual contra uma secretária. A série, apesar de mostrar personagens masculinos em atitudes machistas, também constrói personagens femininas fortes e “modernas”, que rejeitam os discursos sexistas e abraçam as tendências feministas que encontrariam seu auge no final dos anos 1960.

A fabricante de cerveja Budweiser não ficou de fora da tendência sexistas dos anos 1950 e criou muitos anúncios que, aos olhos de 2019, se tornaram anacrônicos e ofensivos. Mas, para a marca, parece que nunca é tarde para corrigir os erros do passado. A Budweiser, em parceria com a campanha #SeeHer (que luta pela representação adequada da mulher na publicidade), decidiu refazer as suas campanhas dos anos 1950, redesenhando anúncios e reescrevendo as frases de efeito.

Coisa similar fez a Skol por aqui, em 2018. A marca reconheceu que havia participado da onda dos anos 1990 no Brasil de campanhas de cerveja onde sempre havia uma mulher seminua e disponível servindo cerveja a homens salivantes e decidiu recriar suas campanhas, dessa vez chamando artistas mulheres.

A noção chegou para a maioria anos depois, embora algumas marcas brasileiras, em anos recentes, ainda tenham se valido da fórmula fácil e ofensiva de colocar a “gostosa” oferecendo cerveja a homens.

Nas recriações da Budweiser, os cartazes onde apenas o homem bebia cerveja e a mulher estava ali para servi-lo integralmente foram recompostos na visão das artistas Heather Landis, Nicole Evans e Dena Cooper. Equidade e independência no lugar do machismo e da objetificação.

Com a campanha, a marca tenta abordar temas contemporâneos e trazer seu nome para o presente, em uma época de concorrência pesada, onde atrair os consumidores da nova geração é fundamental. Nos Estados Unidos, a marca Budweiser caiu para quarto lugar entre as cervejas mais populares – já chegou a ser a primeira. É a primeira vez desde os anos 1970 que não está no top 3. Atualmente, sua “prima” Bud Light ocupa a primeira colocação, seguida por Coors Light e Miller Lite.

Confira os cartazes modificados e atualizados para 2019:

1. Anúncio de 1956

O anúncio original falava que a mulher havia casado com “dois homens” porque o marido sempre tem um “eu interior” e que uma maneira de agradá-lo era com uma Budweiser. Na imagem, o marido chega de viagem enquanto ela espera com uma grinalda. Na recriação de 2019, o anúncio diz “Ela descobriu que tem tudo”. Esperando por ela, três amigas no bar. Afinal, nem tudo se resume a casamento.

Budweiser corrige seus anúncios machistas da década de 50
Imagem: Divulgação Budweiser

2. Anúncio de 1958

Nesse caso, a frase foi mantida: “Onde há vida, há Bud”. A diferença crucial está na imagem.

Enquanto a vida com Budweiser nos anos 1950 era restrita ao homem (enquanto ele martela, a esposa serve a gelada), em 2019 a coisa é mais simples: o casal curte a cerveja junto.

Budweiser corrige seus anúncios machistas da década de 50
Imagem: Divulgação Budweiser

3. Anúncio de 1962

Nessa recriação, a mulher que espera o marido em casa com o jantar pronto se transforma em uma mulher que é feliz, também, solteira. Uma cerveja para ela, uma comida chinesa delivery e um cachorro fofo.

Budweiser corrige seus anúncios machistas da década de 50
Imagem: Divulgação Budweiser

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Guilherme Dearo, Exame

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