O estrago que Vélez Rodriguez e discípulos de Olavo de Carvalho causaram no Ministério da Educação levará pelo menos 50 anos para ser consertado
Mauro Donato, DCM
Incapaz de chefiar seu ministério, por que Ricardo Vélez Rodríguez não cai?
Elementar: sua permanência significa que o grupo ligado a Olavo de Carvalho que atua dentro do MEC ainda tem interesse que ele ali esteja. Um chefe fraco e desorientado pode ser extremamente vantajoso.
A mais nova demonstração de força do grupo foi a demissão do presidente do INEP, Marcus Vinicius Rodrigues, que é ligado aos militares.
O furdunço já é conhecido: Marcus Vinicius publicou na segunda-feira uma portaria suspendendo a avaliação de alfabetização, Vélez disse que foi pego de surpresa, que não tinha sido informado e no dia seguinte revogou a portaria.
No mesmo dia Marcus Vinicius caiu.
Parêntese: Vélez tomou bola nas costas duas vezes só nesse episódio, pois o pedido para que a portaria fosse publicada partiu de dentro do próprio ministério.
Quem ordenou?
Carlos Nadalim, um olavista que vem a ser exatamente o Secretário de Alfabetização. Como já sabemos, apenas o presidente do INEP foi demitido.
Na casa da mãe Joana que se tornou o MEC, pau que bate em Chico não bate em Olavo.
Marcus Vinicius Rodriguesues saiu atirando: afirmou que Vélez é “gerencialmente incompetente” e “não tem controle emocional para comandar a Educação”.
Só ele e as torcidas de Corinthians e Flamengo perceberam isso.
“A desarticulação no MEC o deixa inoperante. O ministro não tem mais condições, ficou evidente que ele não tem perfil para o cargo”, declarou Priscila Cruz, do Movimento Todos Pela Educação.
O agora ex-presidente do INEP havia sido indicado pela ala dos militares do governo Bolsonaro. Já havia declarado inclusive concordar com a censura que Jair Bolsonaro pretendia exercer no exame do ENEM.
Sua demissão não foi barrada nem mesmo após o assunto ser levado à Casa Civil.
Em resumo: olavistas têm a palavra final no Ministério da Educação.
A barafunda que é o MEC na gestão Bolsonaro, com seus infinitos ‘recuos das revogações das reconsiderações’, já provocou 15 exonerações em pouco mais de 80 dias e coloca em risco um tema fundamental para o desenvolvimento de qualquer país.
Sem educação de qualidade não se chega a lugar algum. É a base para o desenvolvimento.
Mas o ministério está nas mãos de alguém que já quis emplacar livros didáticos sem compromisso com o politicamente correto e contendo erros bibliográficos, alguém que já chamou brasileiros de canibais que roubam assento de avião.
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A incompetência na gestão pública traz sempre a brecha sonhada para medidas obscurantistas. Paulo Guedes tem na manga uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que desvincula o percentual obrigatório de investimento em Educação.
A Constituição exige que estados e municípios apliquem ao menos 25% de sua receita resultante de impostos e transferências. A União precisa investir 18%. A equipe econômica de Bolsonaro quer acabar com isso.
Essa obrigatoriedade só foi derrubada em dois períodos na história: durante as duas ditaduras (em 1937 e em 1967).
Ou seja, Bolsonaro e sua trupe de malucos farão com que a Educação retroceda em 50 anos, no mínimo.
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