Tiago Augusto tentou ajudar amigo a entrar no metrô quando dois seguranças surgiram e o agrediram com cacetadas na cabeça
John Silva, Ponte
Dois seguranças agrediram um homem que segurou a porta de um metrô na Linha-4 Amarela, na cidade de São Paulo, no domingo (24/2), dia do pré-carnaval na capital paulista. A vítima levou golpes de cassetete na cabeça e precisou de atendimento médico, enquanto a ViaQuatro afirma ter demitido os dois funcionários envolvidos nas agressões.
Tiago Augusto Godoi, de 30 anos, participou com amigos de bloquinhos carvanalescos que aconteceram na zona oeste de São Paulo. Ele retornava para casa na estação Fradique Coutinho quando foi agredido. Ao tentar segurar a porta da composição para um amigo entrar no mesmo trem, os agentes o alertaram verbalmente e, antes de qualquer reação, um deles deu dois golpes de cassetete em sua cabeça.
“Eu lembro de eu ter pedindo para ele ter calma e ele vindo para cima. Não lembro se tive alguma reação de empurrar o segurança, algo do tipo. E aí ele procedeu com as pauladas”, conta Tiago, em conversa com a Ponte. Ele registrou B.O. (Boletim de Ocorrência) de lesão corporal no 6º DP. O espaço para o autor está como desconhecido, pois não foi possível identificar o segurança no depoimento ao delegado.
Um amigo que passou todo o domingo de pré-carnaval com Tiago relata que subiu até as catracas e pediu ajuda aos funcionários depois que seu amigo estava caído e sangrando por conta das cacetadas. “Ninguém quis ajudar até que outra pessoa do nosso grupo começou a filmar e chamou a polícia. Não teve nenhum socorrista ali para ajudar e a ambulância demorou muito”, conta.
Com a gravação de celular acontecendo, funcionários da estação então ajudaram o grupo e levaram o ferido para o lado de fora da estação em uma cadeira de rodas até a chegada do socorro. Foram necessários três pontos para conter o ferimento na região da testa, causado pelas agressões. Um dos vídeos mostra Tiago ensanguentado no chão e sem nenhum segurança ou funcionário da estação prestando socorro.
A vítima conta que sentiu impotência com o ocorrido. “Fiquei sem entender porque ele [segurança] tomava aquela atitude. Eu só conseguia pedir socorro, mas eu lembro que ele insistia em querer me bater mais”, conta Tiago. “E eu não conseguia entender porquê tanto ódio, o que eu tinha feito pra merecer aquilo… Foi horrível”.
Questionada pela reportagem sobre a ação violenta de seus funcionários, a ViaQuatro informou em nota que “desligou os colaboradores” pois “seus comportamentos contrariaram as normas de conduta da empresa”.
A empresa, que administra a Linha-4 por meio de concessão válida por 30 anos (prazo se encerra em novembro de 2036, segundo o site da ViaQuatro), ainda afirma que “repudia qualquer tipo agressão e que orienta os funcionários a agir com respeito seguindo os padrões de atendimento”, garante.
Veja registros:
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