Janaína Paschoal critica Bolsonaro por "comemorações de 1964"
Deputada mais votada na história, Janaína Paschoal (PSL) dispara contra Jair Bolsonaro (PSL) após "comemorações de 1964". A advogada do impeachment ainda bateu boca com apoiadores do presidente. Na Alemanha e na maioria dos países, celebrar ditadura seria proibido
A deputada estadual Janaína Paschoal (PSL-SP) deu uma resposta em seu perfil no Twitter a orientação enviada pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) aos quartéis para que o dia 31 de março fosse comemorado em homenagem ao golpe de 1964, que derrubou o então presidente João Goulart.
“Dilma ficou parada em 64 e deu no que deu […] Bolsonaro também não consegue sair de 64 e as coisas não caminham bem”, tuítou Janaína, que foi a deputada mais votada na história.
No primeiro tuíte que fez nesta quarta-feira (27), a deputada afirma que “sabe que desagrada gregos e troianos” e insiste para que “deixem 64 em 64”. Em outra publicação, Paschoal diz: “Apoiadores de Bolsonaro, acordem! Vocês estão querendo que o Presidente paute suas ações no PT? O PT fez tudo errado, não vamos acertar só invertendo.”
“Eu só estou sendo fiel ao que disse a ele. Meu compromisso é com o Brasil. Pelo Brasil, eu quero que o presidente seja bem sucedido. Ele vai precisar mudar a mentalidade”, escreveu ela.
Logo depois, completou a série de tuítes criticando abertamente a posição do Governo: “Ser presidente é muito diferente de ser um deputado temático.”
A derrota que o Governo teve no Congresso, ontem, é perigosíssima! Não é possível que o Presidente não perceba que não dá para governar com a cabeça em 64! Podem atacar, podem xingar, podem dizer que estou criticando o Presidente, etc, etc, etc….
— Janaina Paschoal (@JanainaDoBrasil) 27 de março de 2019
Não estou falando em abandono de convicções. Estou falando sobre a necessidade de entender que ser Presidente é muito diferente de ser um Deputado Temático, com todo respeito aos Parlamentares que se limitam a um único tema.
— Janaina Paschoal (@JanainaDoBrasil) 27 de março de 2019
Na Alemanha
Na Alemanha e em diversos países, como Áustria e Holanda, negar a existência da ditadura nazista é crime. Está na constituição. Embora “comemorar” o holocausto seja impensável, há quem comemore. Mas se alguém fizer isso em público, está cometendo um crime.
Em 2017, ficou famoso o caso de dois turistas chineses que decidiram fazer uma “brincadeira” em Berlim e encenaram um “Heil Hitler” na capital alemã. Eles foram presos.
No ano passado, uma senhora de 89 anos foi condenada a dois anos de prisão na Alemanha. Ursula Haverbech, conhecida como vovó nazi, é uma famosa representante do “revisionismo”, um movimento de pessoas que insiste que o holocausto não existiu.
A idosa já publicou vários textos sobre isso. Em um deles, diz que Auschwitz não era um campo de concentração, mas um campo de trabalho.
No Brasil, ao defender as celebrações do golpe de 1964, a deputada Joice Hasselmann (PSL) escreveu: “A partir desse ano o Brasil irá comemorar o aniversário de 1964. É a retomada da narrativa verdadeira da nossa história. Orgulho”.
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