Sergio Moro sente o golpe e divulga resposta trôpega após Rodrigo Maia acusá-lo de plagiador e aconselhar que ele respeite seu chefe, Jair Bolsonaro. De olho no público, ministro invocou o nome de Deus fora de contexto
Joaquim de Carvalho, DCM
A resposta que o ex-juiz Sergio Moro deu ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, é patética. Ele foi colocado em seu devido lugar por Maia, que lembrou sua posição de funcionário de Bolsonaro.
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“Ele (Moro) está confundido as bolas”, afirmou.
Se Bolsonaro quiser uma tramitação mais rápida do projeto de lei anticrime, lembrou, ele deve falar com Rodrigo Maia, não um funcionário.
Leia a nota de Moro:
“Sobre as declarações do Presidente da Camara Rodrigo Maia, esclareço que apresentei, em nome do Governo do presidente Jair Bolsonaro, um projeto de lei inovador e amplo contra crime organizado, contra crimes violentos e corrupção, flagelos contra o povo brasileiro. A única expectativa que tenho, atendendo aos anseios da sociedade contra o crime, é que o projeto tramite regularmente e seja debatido e aprimorado pelo Congresso Nacional com a urgência que o caso requer. Talvez alguns entendam que o combate ao crime pode ser adiado indefinidamente, mas o povo brasileiro não aguenta mais. Essas questões sempre foram tratadas com respeito e cordialidade com o Presidente da Câmara, esperando eu que o mesmo possa ocorrer com o projeto e com quem o propôs. Não por questões pessoais, mas por respeito ao cargo e ao amplo desejo do povo brasileiro de viver em um país menos corrupto e mais seguro. Que Deus abençoe essa grande nação”.
É uma resposta trôpega e a menção a Deus no final do texto reflete uma certa tibieza. Ele invoca o nome de Deus fora de contexto, de olho no público que, talvez acredite, ainda lhe dá apoio.
Lembra Eduardo Cunha, que, ao votar pelo impeachment de Dilma, disse:
“Que Deus tenha misericórdia desta nação”.
Alguns meses depois, estava preso.
Moro, sem o poder de que desfrutava, como juiz de primeira instância que acumulou mais forças que o Supremo graças a uma aliança espúria com veículos de comunicação, repete a estratégia que usou para avançar com sua Lava Jato.
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Os temas importantes ignorados pelo projeto de Sergio Moro
Joga para a platéia, na expectativa de obter apoio público.
Era mais fácil alcançar seu objetivo quando a velha imprensa, interessada no desgaste do PT, o apoiava incondicionalmente.
Desta vez, tem uma reforma da Previdência no caminho, e nesse tema a bola está com o presidente da Câmara.
Não adianta Moro espernear, condicionando o combate ao crime às medidas que propôs — que, de resto, não são novas.
Como disse Rodrigo Maia, seu projeto foi um “copia e cola” do trabalho do ministro do STF, Alexandre de Moraes, elaborado quando este era ministro da Justiça de Michel Temer.
Se está mesmo preocupado com o combate ao crime, o que Moro deveria fazer é usar os instrumentos de que dispõe para fazer a máquina do governo funcionar.
Por exemplo, a Polícia Federal poderia agir com mais agilidade no esclarecimento do caso dos laranjas do PSL, tanto os ligados ao ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio, quanto os de Pernambuco, usados como pretexto para a demissão de Gustavo Bebianno.
Mas aí é complicado para o ministro.
Mais fácil atiçar as redes contra o presidente da Câmara dos Deputados.
Sua mulher, Rosângela, foi rapidamente a campo e postou hoje no Instagram um cartaz que destaca uma das frases da nota do marido em resposta a Rodrigo Maia.
“Talvez alguns entendam que o combate ao crime pode ser adiado indefinidamente, mas o povo brasileiro não aguenta mais”, ela destacou.
Moro, exposto, se tornou uma figura menor, com menos apoio.
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