Servidor do Ibama que multou Bolsonaro por pesca irregular é exonerado
Perseguição: agente do Ibama que multou Bolsonaro por pesca ilegal em 2012 é exonerado do cargo. Ele foi o único dos nove funcionários do mesmo nível hierárquico da Diretoria de Proteção Ambiental a ser exonerado
Nesta quinta-feira, 28, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) exonerou o servidor que multou em R$ 10 mil o então deputado federal Jair Messias Bolsonaro por pesca irregular em área protegida, em 25 de janeiro de 2012.
José Olímpio Augusto Morelli, servidor concursado, foi o único dos nove funcionários do mesmo nível hierárquico a ser exonerado pelo novo governo.
Ele ocupava o cargo comissionado de chefe do Centro de Operações Aéreas (Coaer), subordinado à Diretoria de Proteção Ambiental (Dipro), que coordena, controla e executa as ações federais referentes à fiscalização e às emergências ambientais, e é responsável pelo gerenciamento dos sistemas Siema (Sistema Nacional de Emergências Ambientais) e TPP (Autorização Ambiental para o Transporte Marítimo e Interestadual de Produtos Perigosos).
Morelli também é o autor da foto na qual o então deputado federal aparece de sunga branca sobre o bote inflável na ilha de Samambaia, dentro da Estação Ecológica de Tamoios (Esec), — área protegida que não permite a presença humana, em Angra dos Reis (RJ), comprovando assim o crime ambiental.
À época, no dia 14 de fevereiro de 2012, em plenário, Jair Bolsonaro, disse que foi enxotado como um cachorro no local da pesca.
“Fui abordado por um barco do IBAMA. Eu estava com duas pessoas da região. E a primeira coisa que falaram para mim foi: Sai!, como se nós fôssemos cachorros. Tirei o meu chapéu, e um dos fiscais deve ter reconhecido que eu era Parlamentar. Mas esse cidadão, o José Augusto Morelli, disse novamente: Sai, aqui ninguém pode pescar, seja Deputado ou não, porque o decreto que vocês votam tem de ser respeitado.”
Bolsonaro agora nega
Em live (ao vivo) no Facebook, feita em 9 de novembro de 2018, Bolsonaro mudou o discurso e relatou que recebeu um multa injusta. “Eu fui multado em R$ 10 mil na baía de Angra. Data, se não me engano, foi 12 de março de 2012. Mas o que eu me lembro perfeitamente é que foi numa terça-feira, 12h20. Só que, às 15h30, apareceu a primeira digital minha no painel de presença na Câmara. Então, eu não estava lá”.
Mesmo sendo fotografado em flagrante diante de 6 agentes federais, Bolsonaro recorreu da multa alegando que estava decolando no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. O argumento, porém, foi baseado na data do auto da infração ambiental, 6 de março de 2012.
Segundo o Ibama, a ocorrência do flagrante ocorreu às 10h50 do dia 25 de janeiro de 2012 (quarta-feira) e a demora na emissão se deu porque o parlamentar se negou a apresentar documentação, dificultando o lançamento da multa.