Tragédia

Silêncio de Bolsonaro sobre massacre em Suzano provoca reações

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Seis horas após o massacre em Suzano, todas as autoridades do Brasil já haviam se pronunciado, exceto o Presidente da República. Silêncio de Jair Bolsonaro provocou reações

Seis horas após o massacre em Suzano, o presidente da República Jair Bolsonaro é a única autoridade brasileira em silêncio sobre a tragédia (Imagem da esquerda: Adriano Machado/Reuters | Direita: os atiradores Guilherme Monteiro e Luiz Henrique de Castro)

Muito se comenta que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) fica mais no Twitter do que governa. Apesar de muito ativo na rede social, o chefe do Executivo ainda não se pronunciou sobre o massacre na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP).

A tragédia aconteceu às 9h30 e abalou o Brasil nesta quarta-feira (13). Jair Bolsonaro, sempre disposto a tuitar pelos cotovelos, nada disse até as 15h30 de hoje, cerca de seis horas depois dos acontecimentos.

O governador de São Paulo, João Doria, decretou luto de três dias pelo massacre. Os ex-presidenciáveis Marina Silva, Guilherme Boulos e Fernando Haddad vieram a público manifestar sua solidariedade e indignação pela tragédia. Alguns membros do governo federal, como o ministro Sergio Moro, também lamentaram o massacre.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, também prestou solidariedade às vítimas do ataque. “É com pesar que recebemos a notícia. Em nome da corte manifestamos nosso sentimento de pesar às famílias e amigos da vítima e a toda sociedade que também é vítima desse tipo de tragedia”, disse Dias Toffoli.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, se solidarizou com as famílias e amigos das vítimas do ataque em Suzano e disse que o caso mostra que “é hora de haver união para impedir que novos ataques como o de hoje se repitam no País”.

O último tweet de Bolsonaro foi na manhã de hoje sobre a safra de milho. Responsável pelas redes do pai, a última postagem de Carlos Bolsonaro também é sobre o tema.

“Crianças morreram hoje em uma escola pública e você aí falando em safra de grãos? Libera mais armas. Patrocina mais miliciano”, publicou uma internauta.

“Quando é pra falar de ‘Golden Shower’ o atual presidente da República é o primeiro a aparecer. Quando crianças são massacradas dentro de uma escola o sujeito permanece em silêncio. Prioridades?”, observou outra internauta.

Massacre em Suzano

Luiz Henrique de Castro, de 25 anos e Guilherme Monteiro, de 17 anos, são os autores do massacre em Suzano. Poucas horas antes de invadir a Escola Estadual Professor Raul Brasil, Guilherme Monteiro divulgou nas redes sociais cerca de 30 fotos em sua conta no Facebook (veja aqui).

Luiz Henrique, por sua vez, compartilhava imagens de armas de fogo em sua conta no Facebook. Suas publicações ainda visíveis na rede social cultuam o armamento e o militarismo.

Dentro da escola, a polícia encontrou um revólver .38, uma besta (um artefato semelhante a um arco e flecha) e garrafas que aparentam ser coquetéis molotov. Há ainda uma mala com fios, e o esquadrão antibombas foi chamado. Uma testemunha disse que viu um dos atiradores com uma arma de fogo e o outro, com uma faca.

Uma testemunha afirmou que Guilherme Monteiro, o atirador de 17 anos, era ex-aluno da Escola Estadual Raul Brasil. Em depoimento, o jovem informou que Guilherme estudou na sua sala de aula e há três dias avisou a colegas para “ficarem espertos”. A mesma testemunha disse que o atirador não sofria bullying e se identificava nas redes sociais como “Guilherme Alan”.

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, João Camilo Pires de Campos, afirmou que Luiz Henrique de Castro também é ex-aluno da escola. De acordo com ele, os cinco estudantes assassinados tinham entre 15 e 17 anos de idade. Também foram mortos duas funcionárias do colégio e o proprietário de uma loja próximo ao local.

Segundo o secretário, ainda não se sabe a motivação do crime. “É a grande busca: qual foi a motivação dos antigos alunos”, disse Campos. Buscas na casa dos assassinos aconteceram e recolheram pertences deles.

Morreram, vítimas do ataque: Pablo Henrique Rodrigues, Cleiton Antônio Ribeiro, Caio Oliveira, Samuel Melquíades Silva de Oliveira e João Vitor Ramos Lemos. Jorge Antônio de Moraes, comerciante que trabalhava perto do local e era tio de um dos atiradores, chegou a ser socorrido com vida, mas não resistiu. Marilena Ferreira Vieira Umezo e Eliana Regina de Oliveira Xavier, funcionárias do colégio, também estão entre as vítimas.

Decreto de armas

Uma das primeiras medidas de Bolsonaro na Presidência foi o Decreto 9.685/2019, que torna muito mais fácil ter armas de fogo em casa.

Antes do decreto, um delegado da polícia federal analisava o que a pessoa apresentava como justificativa para comprar uma arma e decidia se ela poderia ou não, considerando diversos critérios.

“O grande problema que tínhamos na lei é a comprovação da efetiva necessidade. Isso beirava (sic) a subjetividade. (…) Chegamos à conclusão de que tínhamos como fazer justiça … [para] que o cidadão pudesse então [ter uma arma] sem depender da discricionariedade [do órgão burocrático], observando alguns outros critérios”, comentou Bolsonaro ao assinar a medida.

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Atualização: Minutos após a publicação deste texto, Jair Bolsonarou e Flávio Bolsonaro posicionaram-se quase ao mesmo tempo no Twitter:

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