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Bolsonaro abraça a “velha política” e pede desculpas a Kassab

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Após serie de derrotas, Jair Bolsonaro (PSL) se rende à velha política e vai oferecer cargos. Redes sociais repercutem: "a mamata já voltou?". Foto abraçado com presidente do DEM vira piada

Bolsonaro abraçado a ACM Neto (Foto: Marcos Corrêa/PR)

Depois de amargar diversas derrotas no Congresso Nacional e de se sentir ameaçado pela possibilidade do retorno das chamadas ‘pautas-bomba’, Jair Bolsonaro (PSL) sinaliza uma mudança brusca que pode desagradar seus seguidores mais pueris.

O presidente se rendeu à chamada “velha política” e passou a receber lideranças partidárias para formar sua base no legislativo. A prática foi condenada por Bolsonaro durante a campanha presidencial de 2018. O capitão reformado repetiu, diversas vezes, que jamais se reuniria com dirigentes de partido.

Diante do amadorismo do governo Bolsonaro, o ‘Centrão’ se reorganizou e mostrou força mais uma vez. O bloco de partidos é formado por siglas como DEM, PP, PR, PRB, PSD e Solidariedade. MDB e PSDB costumam se aliar ao Centrão na maioria das votações.

Bolsonaro foi aconselhado pela ala mais pragmática do governo a aceitar a distribuição de cargos para aprovar a reforma da Previdência.

O vice-presidente Hamilton Mourão admitiu na última quarta-feira (3) que, se os partidos aceitaram o convite do Planalto, a coalizão terá como contrapartida cargos no governo.

“A partir do momento em que os partidos concordem com o que o governo pretende fazer, é óbvio que eles vão ter algum tipo de participação, seja em cargos nos Estados, algum ministério ou algo do gênero”, argumentou Mourão.

“O que eu vejo, de maneira geral, é isso aí. Número um: ter clareza e mostrar aos partidos ‘olha, os nossos objetivos são esses. Se vocês concordam, gostaríamos que vocês estivessem juntos com a gente nas votações referentes a isso’. E, no segundo passo, o presidente pode decidir oferecer algum tipo de cargo nos Estados ou até aqui, na área central do governo.”

Desculpas a Kassab e foto com ACM

Interlocutores afirmaram que Bolsonaro tem agido de maneira desarmada nas reuniões com as lideranças partidárias. Quem acompanhou o presidente do PSD, Gilberto Kassab, contou a aliados que Bolsonaro abriu a audiência com um pedido de desculpas por declarações do passado. Ele já chamou o ex-ministro de Michel Temer de “porcaria”.

Uma foto em que ACM Neto, presidente do DEM, aparece sorrindo abraçado a Bolsonaro após seu encontro no Planalto virou piada no grupo de dirigentes partidários. “É cara de quem tem três ministérios e caminha para fechar o quarto”, brincou um aliado.

Centrão

O Centrão deu as cartas no poder quando Eduardo Cunha (MDB-RJ), hoje preso, era presidente da Câmara dos Deputados. Cunha promoveu um verdadeiro caos no governo de Dilma Rousseff — a então mandatária optou por não ceder aos caprichos do bloco.

O resultado dessa história é mais do que conhecido: Eduardo Cunha aceitou um relatório que pedia o impeachment de Dilma Rousseff e a ex-presidente acabou afastada após votações na Câmara e no Senado.

O impeachment de Dilma foi precedido por dezenas de pautas-bomba que tornaram a governabilidade praticamente impossível. Geralmente, as pautas-bomba são projetos de lei que impactam sobremaneira as contas públicas, dificultando a redução de gastos prevista para que a meta fiscal seja atingida.

Na época, parlamentares chegaram a derrubar vetos da presidente Dilma Rousseff que freavam gastos da ordem de bilhões de Reais.

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