Carro com inocentes no Rio de Janeiro é metralhado pelo Exército com 80 tiros. No veículo, havia uma criança de 7 anos. Jornalista que fez matéria sobre o caso é ameaçado: "Vai morrer junto com a família"
Um jornalista da TV Globo passou a sofrer ameaças de morte nas redes sociais após a veiculação de uma matéria sobre o carro com inocentes fuzilado pelo Exército no Rio de Janeiro.
No Twitter, o repórter Carlos de Lannoy disse que as ameaças aconteceram em seu perfil no Instagram depois que a reportagem foi exibida no “Fantástico”, na noite de domingo (7).
Em um print revelado por de Lannoy, o perfil de um homem diz que “mexeu com o Exército, assinou sua sentença. Sua família vai pagar. Aguarde cartas”. O jornalista respondeu à ameaça dizendo que “não ficará assim”.
“Você vai responder por essa ameaça. O que você fez não é apenas uma afirmação vergonhosa, infeliz e lamentável, mas um crime previsto em lei. Aguarde”, respondeu o jornalista.
Entenda o caso
Militares do Exército no Rio de Janeiro fuzilaram um carro com inocentes na Estrada do Camboatá, em Guadalupe (RJ), na tarde de domingo.
Cerca de 80 disparos atingiram o veículo e Evaldo Rosa dos Santos morreu na hora. Dentro do automóvel ainda estava a mulher e a filha da vítima, uma criança de 7 anos, que escaparam milagrosamente.
O delegado Leonardo Salgado, da Delegacia de Homicídios (DH-Capital), disse que “tudo indica” que os militares confundiram o veículo.
“Foram diversos disparos de arma de fogo efetuados e tudo indica que os militares realmente confundiram o veículo com um veículo de bandidos. Mas neste veículo estava uma família. Não foi encontrada nenhuma arma no carro. Tudo que foi apurado era que realmente era uma família normal, de bem, que acabou sendo vítima dos militares”, falou Salgado.
Segundo o delegado, a decisão correta a se tomar seria a prisão em flagrante. “Fica muito difícil tomar uma decisão diferente desta, não vejo uma legítima defesa pela quantidade de tiros que foi. Os indícios apontam para uma prisão em flagrante”, afirmou.
Covardia
De maneira covarde, o Comando Militar do Leste (CML) afirmou, a princípio, que o morto era um criminoso que passou em um veículo com um comparsa atirando contra os soldados, e estes teriam revidado a uma “injusta agressão”.
Essa versão foi desmentida pelo testemunho de familiares da vítima e, posteriormente, pela investigação da Polícia Civil. Evaldo Rosa era músico e pai de família.
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