Dados de três institutos mostram a deterioração da imagem do governo Bolsonaro. “A queda da avaliação do governo é dramática e de difícil recuperação”, observa cientista político
Lilian Milena, Jornal GGN
“A deterioração da avaliação do governo é dramática, tudo indica que é de difícil recuperação”, pondera o cientista político Alberto Almeida ao analisar um gráfico com os resultados de três institutos de pesquisa sobre a avaliação do governo Bolsonaro entre o eleitorado, deputados e mercado financeiro.
Por aproximação, de janeiro até abril a proporção de brasileiros que consideram o governo ótimo ou bom caiu de cerca de 50% para 35%, como mostra a linha em azul. Entre aqueles que acreditam que o Planalto sob a direção de Bolsonaro tem um ótimo ou bom relacionamento com os deputados a proporção sofreu queda de cerca de 55% para 37% (linha cinza).
A queda mais dramática (em laranja) é a avaliação do mercado financeiro. A proporção dos que acreditam em um governo ótimo ou bom caiu de pouco menos de 90% para 30%.
O gráfico também traz (em amarelo) a avaliação dos deputados a respeito do governo Bolsonaro. De janeiro até abril caiu de 80% para 15% o grupo de parlamentares que se refere à gestão do Planalto como ótima ou boa.
“Nota-se que a avaliação do governo Bolsonaro piora muito junto a todos os públicos. As pioras mais significativas são do mercado financeiro e de deputados, quando perguntados como é o relacionamento com a Câmara”, pontua Almeida.
“As pioras mais lentas são junto à população quando perguntada como avaliam o governo e como é o relacionamento da presidência com os deputados”, completa.
Na linha em azul, que mostra a avaliação do governo junto ao eleitorado, os dados de janeiro a março são do Ibope e os de abril do Datafolha. As demais linhas foram formadas a partir de dados da pesquisa XP.
O recorde de Bolsonaro
Nesta quarta-feira (10), o governo Bolsonaro completará 100 dias e as pesquisas sobre a imagem do Executivo junto a população apontam para a pior avaliação entre presidentes de 1º mandato nos primeiros três meses de governo.
A mais recente foi divulgada no domingo (07) pelo Datafolha. O instituto mostra que 59% da população ainda acredita que Bolsonaro fará uma gestão ótima ou boa, 30% que será ruim ou péssima. Antes da posse, 65% dos brasileiros esperavam por uma gestão ótima ou boa de Bolsonaro, 17% regular e 12% ruim ou péssima.
A título de comparação, Fernando Collor teve reprovação de 19% da população em 1990; Fernando Henrique 16%, em 1995. Luiz Inácio Lula da Silva foi mal avaliado por 10%, já Dilma Rousseff, por apenas 7% da população nos primeiros três meses de governo. A série histórica mostra, portanto, que os presidentes anteriores a Bolsonaro tiveram desempenho melhor nos primeiros cem dias de governo, desde a redemocratização.
O Datafolha ouviu 2.086 pessoas com mais de 16 anos em 130 municípios nos dias 2 e 3 de abril. A margem de erro é de 2% para mais ou para menos.
Poucos dias antes do Datafolha, na sexta-feira (05), a XP divulgou um relatório onde o mandatário recebe a aprovação de 35% dos entrevistados. A título de comparação, em fevereiro, 40% acreditavam no governo Bolsonaro. Em março, houve queda, passando para 37%.
O levantamento mais recente da XP foi realizado entre os dias 1 e 3 de abril. A pesquisa ouviu 1.000 pessoas por telefone de todas as regiões do país. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais para cima ou para baixo, portanto a variação na taxa de aprovação de Bolsonaro pode ser considerada dentro da margem de erro, entre março e abril.
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