Major Olímpio sobre salário mínimo: "Governo vai tomar um cacete e pedir desculpas"
Senador Major Olímpio (PSL) admite que o governo "vai tomar um cacete" quando o Congresso for votar a proposta que muda a política do reajuste do salário mínimo. "Terá que pedir desculpas, senão trava de vez a Previdência"
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Para o líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP), o governo Jair Bolsonaro “vai tomar um cacete” no Congresso devido a proposta que prevê a correção do salário mínimo a partir de 2020 apenas pela inflação, pondo fim à política de ganho real implementada durante a gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o Major Olímpio, o governo não possui uma base parlamentar forte o bastante para conseguir levar a proposta adiante. “De verdade, o governo só tem mesmo a sua Geni, que é o partido do presidente. ‘Joga pedra na Geni, ela é boa de cuspir, ela dá pra qualquer um’“, acrescentou.
De acordo com reportagem do jornal Folha de S. Paulo, o parlamentar disse estar preocupado “politicamente” com a iniciativa do Planalto.
“Dentro do novo debate, com a nova política, na prática, se o centrão se juntar à oposição, o governo já toma um tremendo cacete. E ainda neste momento, o governo vai tomar um cacete e pedir desculpas, senão trava de vez a Previdência“, avaliou.
“Ao valor do salário mínimo, muitos custos estão atrelados, então, o governo está indo no limite do que entende possível. Mas a questão será muito polêmica, sem a certeza mesmo que hoje o governo consiga maioria“, ressaltou.
“Difícil resolver uma pendenga destas. Tem tudo para ser rejeitada no Congresso esta proposta do mínimo“, completou em seguida.
Salário mínimo sem ganho real
O valor do salário mínimo proposto para 2020 pelo governo é de R$ 1.040. É o que está no projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) entregue nesta segunda-feira (15) pela equipe econômica do governo. Atualmente o mínimo está em R$ 998.
Como previsto, o valor considera apenas a inflação sem estabelecer, contudo, um ganho real. O projeto da LDO também traz a expectativa do mínimo para 2021 (R$ 1.082), e 2022 (R$ 1.123).
Desde 2011, o cálculo para reajuste do salário mínimo leva em conta a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado e divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) somada ao percentual equivalente à taxa de crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB), de dois anos antes. A lei que determina que o cálculo seja feito dessa forma vence neste ano.
A mudança na correção do mínimo atende à política liberal do ministro da Economia, Paulo Guedes, que já deu inúmeras declarações em defesa da “desindexação” da economia. Significa eliminar a correção automática de preções e salários com base em indicadores passados.
A proposta enviada ao Congresso serve para indicar quais as prioridades do governo a serem colocadas na Lei Orçamentária Anual (LOA), que precisa ser enviada em agosto. A LDO já traz os principais indicadores e expectativas do governo para a economia do país.
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